sábado, 24 de junho de 2023


24 DE JUNHO DE 2023
FLÁVIO TAVARES

PERIGOS DO DESDÉM

O ciclone extratropical que se abateu com fúria sobre o sul do Brasil e se transformou em tragédia em nosso Estado talvez nos convença do horror das mudanças climáticas.

Nada disso, no entanto, ocorre ao acaso. Tudo é obra do nosso descaso pela natureza. Os religiosos podem chamá-lo de funesta antecipação do Apocalipse bíblico destruindo a obra do Criador. Os agnósticos podem simplificá-lo, chamando-o de hecatombe.

Seja a classificação ou nome que tenha, tudo é obra nossa, em uma acumulação de anos ou séculos que, se não cortarmos de imediato, destruirá a vida no planeta. Tudo se agravou a partir da Revolução Industrial, mas devido ao desdém de todos nós.

O volume da poluição aumenta a cada dia em terra, na água ou no ar, mas nos fazemos de cegos. O avanço tecnológico beneficiou a todos em todo o mundo, mas nos esquecemos de ver e remediar as consequências que poderia trazer ao planeta.

Os cientistas lembram aos leigos que "não há planeta B", numa metáfora tão realista como "dois e dois são quatro". Direta ou indiretamente, tudo é culpa nossa.

Agora no Brasil, o governo federal propagandeia como "grande feito" a redução do preço dos automotores movidos a gasolina ou diesel. Nas grandes ou pequenas cidades, ou campo afora no interior, os veículos são os grandes responsáveis pela poluição.

Mas o governo federal insiste demagogicamente na rebaixa do preço, sem nada anunciar como estímulo à produção de veículos elétricos. Não há sequer um pio de Lula da Silva sobre isso? Reconheço que progredimos no atual governo quanto ao tratamento da Floresta Amazônica, entregue ao desmatamento e à poluição dos rios por mercúrio nos tempos do governo Bolsonaro.

Não basta só esse progresso, porém. É preciso ir adiante e adotar medidas concretas para que não nos afoguemos mutuamente na contaminação. Talvez a mais importante experiência sobre como reagirá o planeta tenha começado agora na Amazônia. Cientistas ingleses e brasileiros começaram a construir "anéis de carbono" na maior floresta tropical do mundo para "simular o futuro" e agir a tempo.

A 80 quilômetros de Manaus, erguerão torres de alumínio, em forma de anéis, para bombear dióxido de carbono e, assim, transformar a área num experimento sobre o futuro do planeta.

FLÁVIO TAVARES

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