quarta-feira, 30 de julho de 2014


30 de julho de 2014 | N° 17875
MARTHA MEDEIROS

Uma pequena joia

Não sei se é de família ou hábito apenas da minha mãe, só sei que, entre nós, qualquer preciosidade é chamada de joia. Pergunto para minha mãe sobre um filme ou sobre um lugar que ela conheceu, e se ela responde que é bonito é porque é bonito, se responde que é interessante é porque é interessante, mas quando ela diz “é uma joia”, logo me sento e me disponho a ouvir os detalhes.

E ela não diz joia referindo-se àquela gíria que não se usa mais. Se ela diz que é uma joia, é algo especial, em que se deve prestar atenção. E se ela diz: “É uma pequena joia”, aí é porque a coisa é grandiosa mesmo. Em casa sempre rezamos pela cartilha do “menos é mais”, preferindo as pequenas joias em detrimento das ostentosas. Um discreto ponto de luz, um brilhante comedido, algo que reina sem pompa, o clássico que não se pavoneia, a elegância que não é extravagante: isso.

Quem já leu o italiano Alessandro Baricco sabe que ele se adapta bem à descrição de valor que fiz acima. Já havia lido dois ótimos livros dele e recentemente estive com o terceiro em mãos, que se chama Mr. Gwin. Um livro com um nome próprio como título é sempre um enigma. Quem seria Mr. Gwin? O que faz? Qual o seu conflito? Para que time torce? Por que devo parar minha vida rotineira e apressada para dedicar algumas horas a esse fulano?

Mr. Gwin é realmente um fulano até que se abra a primeira página, mas Alessandro Baricco é autor respeitado. Então, mais em consideração ao prestígio do autor do que àquele ilustre Mr. Gwin desconhecido, abri o livro.

Quando terminei, pensei nela. Já sabia como recomendá-lo: mãe, é uma pequena joia.

Autêntico, poético, magistralmente bem escrito. Curto, sintético, nenhuma palavra falta, nenhuma palavra sobra. Original sem ser exibicionista, contido sem ser humilde.

Uma história meio estranha, mas daquelas estranhezas que se infiltram na alma, que fazem a gente perder a insistência de buscar realidades comprovadas: a troco de quê devemos acreditar apenas naquilo que já vimos antes? Qualquer história é uma história, e é a ela que o livro presta reverência, mais do que aos personagens, ainda que eles brilhem também.

É uma pequena joia porque é pequena no tamanho, mas comove por sua literatura tão bem lapidada. Porque não é um livro como tantos, tem uma singularidade que o destaca. Ou talvez seja uma pequena joia apenas porque gostei dele, mesmo que ninguém mais goste – aquilo de que gostamos é sempre significativo a despeito do que pensem os outros.

Pode ser que você não encontre nada de relevante em Mr. Gwin, caso aventure-se a lê-lo. O que para mim foi percebido como uma pequena joia talvez lhe pareça uma grande porcaria. Assim é a vida, povoada por opiniões diversas. Mas que ao menos essa conversa toda tenha feito você questionar o que significa uma pequena joia em seu próprio conceito. Porque, entre tantas bugigangas que nos cercam, temos o dever de eleger algumas raridades.


sábado, 26 de julho de 2014


27 de julho de 2014 | N° 17872
MARTHA MEDEIROS

Uma blusa e uma amizade

Eu estava na cidade dela, não na minha, e sendo visita acatava as sugestões de tudo: onde almoçar, o que ver, o que fazer. Não que eu fosse uma estrangeira naquele lugar, pelo contrário, era uma das capitais em que mais estava quando não estava em Porto Alegre, seguia meus próprios rituais quando andava sozinha por suas alamedas, já tinha preferências sedimentadas, mas desta vez caminhava ao lado de uma amiga nova e nativa, e que, com um entusiasmo de anfitriã, apontava o que eu deveria enxergar com os olhos dela, não com os meus.

Foi então que passamos por uma loja de calçada, uma butique com uma atmosfera oriental, que ela apresentou como seu local preferido para comprar túnicas, pantalonas, roupas exóticas e coloridas. “É a tua cara, Martha, vamos entrar.” Entramos feito duas arqueólogas em busca de alguma raridade, até que ela garimpou uma blusa entre tantas, linda de fato. “Experimenta!” Obediente, fui para o provador e vesti a blusa que era três vezes o meu tamanho e custava três vezes mais do que meu orçamento permitia. “Vou levar”, anunciei.

Minha nova amiga ficou alegre e segura com a comprovação do quanto já me conhecia. “Tinha certeza de que você iria amar essa loja.” Aquela loja que ela julgava a minha cara, e que até era, ainda que “cara” fosse palavra incompatível com meus sonhos de consumo.

Isso foi quando? Uns seis anos atrás, talvez sete, talvez oito.

Depois disso, ficamos mais e mais amigas, mas nunca usei a blusa. Inúmeras vezes a coloquei, tirei, coloquei de novo, tentei combinar com calça, com saia, experimentei por cima do biquíni, até pensei em usar para dormir, aí lembrei do preço, não, para dormir não. Recolocava no armário e a deixava pendurada no cabide, aguardando a oportunidade que toda mulher acredita que virá, mas que para aquela blusa não veio.

Esta semana, arrumando gavetas, separando peças para doação, peguei a blusa e pensei: “Chegou tua hora”. Não era a primeira vez que me preparava para dar adeus a ela, mas relutava feito um amor que a gente sabe que não serve, mas que se ilude que um dia, por milagre, se transformará no nosso número. Só que as coisas não mudam apenas porque queremos que mudem. A linda blusa morou em minha casa por um tempo demasiado devido a minha fé e romantismo, mas havia chegado o momento de seguir o seu destino.


Dobrei-a com carinho e a coloquei numa sacola junto a camisetas gastas e a jaquetas puídas. Misturei a blusa virgem junto a peças veteranas, ela que também já não aparentava ser muito nova, ainda que sem uso. E lá se foi ela, intocada, sem meu cheiro. A blusa que comprei apenas para vestir uma amizade ainda nua.

27 de julho de 2014 | N° 17872
ANTONIO PRATA

Íntimos desconhecidos

Finalmente, transpostos junho e julho, esses meses vagabundos em que a vida foi marcada, driblada e vencida pela Copa, consegui terminar de ler a biografia do Rubem Braga, que eu havia começado em maio. Ontem, às duas e tanto da manhã, com os olhos ardendo e um aperto no peito, virei a última página.

Ao apagar o abajur, pensei que a angústia fosse causada pela morte do “velho Braga”, descrita de forma sóbria e delicada por Marco Antonio de Carvalho: descobrindo um câncer em estágio avançado, o cronista, que sempre viu mais beleza nas pescarias do que nas epopeias, optou por não se tratar; preparou a partida, distribuiu os livros e os quadros, se despediu dos amigos, deitou e não se levantou mais.

Hoje, porém, acordei com a sensação de que não era exatamente a morte do escritor a parte mal digerida da biografia. A azia existencial me perseguiu ao longo do dia e só no meio da tarde, quando terminei um e-mail com uma exclamação (o que pode ser menos bragueano do que uma exclamação?), entendi o que me incomodava – algo que eu já vislumbrava desde que passei a conviver mais de perto com os humores, afetos e idiossincrasias do meu íntimo desconhecido: o Rubem Braga não ia gostar de mim.

É duro constatar um negócio desses, depois de duas décadas de convívio intenso. É como descobrir que a sua mulher está te traindo. Não, é pior: a mulher que trai o marido pode amá-lo – ou, pelo menos, já o ter amado, um dia. Rubem Braga nunca me amaria. Ele era quieto, eu, falastrão. Ele não sorria pra todo mundo, eu pareço um candidato a vereador. Ele era um velho lobo do mar, eu cresci patinando no gelo, no Shopping Morumbi.

Nesses 20 anos de relação, já me imaginei várias vezes voltando ao passado e sendo apresentado ao cronista, por um amigo em comum. Já me projetei na famosa cobertura da Barão da Torre, em Ipanema, batendo papo no jardim. Não me vejo falando sobre passarinhos ou ventos alísios – nasci em São Paulo, cresci em São Paulo, minha relação mais próxima com a natureza foram dois gatos e uma tartaruga de aquário –, mas quem sabe conversássemos sobre a infância, que é sempre interiorana, e descobríssemos insuspeitos paralelos entre o Itaim Bibi e Cachoeiro do Itapemirim? Eu lhe mostraria um ou outro texto, ele me ofereceria uma cachaça, comeríamos jabuticabas.

Todas essas fantasias desapareceram, agora que li o livro. Não sou o tipo de pessoa com quem Braga se daria bem. Me vejo saindo de sua cobertura e o ouço comentar com nosso amigo que me achou frívolo, meio bobo, talvez. Pede – seco, mas não rude – que não me leve mais ali.



Saímos andando por Ipanema, eu e esse amigo sem rosto, que me consola. Para minha sorte, esse amigo é muito bem relacionado e avista, no fundo de um bar, uma mesa improvável, mas não impossível: João Ubaldo Ribeiro e Ariano Suassuna. Nos sentamos. Os dois falam pelos cotovelos e riem muito, como eu. Em meia hora, somos amigos de infância. Eles me acham o máximo, me convidam para uma moqueca em Itaparica, um vatapá no Recife e uma saideira no Antonio’s, onde nos aguardam Millôr Fernandes e Vinicius de Moraes. Saio trôpego pela calçada, às duas e tanto da manhã, com os olhos ardendo e o peito transbordante.

27 de julho de 2014 | N° 17872
 FABRÍCIO CARPINEJAR

Bem que você poderia me amar

Você pode amar para esquecer quem foi um dia.

Você pode amar para lembrar quem foi um dia.

Você pode amar para recuperar a infância.

Você pode amar para repetir a adolescência.

Você pode amar para combater a velhice.

Você pode amar de olhos abertos, enxergando as falhas.

Você pode amar de olhos fechados, relevando os foras.

Você pode amar para se endividar.

Você pode amar para criar patrimônio.

Você pode amar para encontrar equilíbrio.

Você pode amar para se aproximar do abismo.

Você pode amar para ganhar lucidez.

Você pode amar para enlouquecer.

Você pode amar para adoecer de ciúme.

Você pode amar para ter segurança.

Você pode amar pessimista, falando mal aos seus amigos.

Você pode amar com esperança, silenciando os atritos.

Você pode amar magoado.

Você pode amar leve e desembaraçado.

Você pode amar para romper o padrão de antigos amores e aceitar que estava errado.

Você pode amar para imitar outros amores e se convencer de que estava certo.

Você pode amar fraquejando e acreditando nas próprias mentiras.

Você pode amar dizendo unicamente a verdade e suportando as crises da franqueza.

Você pode amar para confirmar expectativas.

Você pode amar para contrariar sua idealização.

Você pode amar para converter bandidos em santos.

Você pode amar para fazer santos pecarem.

Você pode amar à primeira vista.

Você pode amar por repescagem.

Você pode amar desconfiando e questionando as evidências.

Você pode amar por clarividência.

Você pode amar para ser triste e se deprimir de canções e livros.

Você pode amar para alegrar as estantes e os ouvidos.

Você pode amar para concordar com o terapeuta.

Você pode amar para se opor ao terapeuta.

Você pode amar para fugir da família.

Você pode amar para unir a família.

Você pode amar superficialmente, escondendo o que pensa.

Você pode amar profundamente, sem segredos e âncora para se fixar nas palavras.

Você pode amar pelo sexo.

Você pode amar pelo romance.

Você pode amar pela exposição.

Você pode amar pela solidão a dois.

Você pode amar os intermináveis problemas e brigas.

Você pode amar a paz que vem com o fim da noite.

Você pode amar compreendendo e rindo dos defeitos.

Você pode amar julgando e condenando as diferenças.

Você pode amar cuidando das roupas, da comida, da casa.

Você pode amar com a arruaça das ruas e da boemia.


Mas amor mesmo é quando você está contando seus dias, com toda a concentração dos números, e alguém chega para lhe atrapalhar de eternidade. E você esquece onde estava, a soma da sua vida, e só pensa em ficar para sempre do jeito que for. Ainda que seja por um dia.

Cristiano Quevedo - "Chalana"

 

Cristiano Quevedo - Um mate novo

 

cristiano quevedo _ gaucho de coraçao

 


Guri do Campo - Vinícius Brum

domingo, 20 de julho de 2014


20 de julho de 2014 | N° 17865
MARTHA MEDEIROS

Você maior

As redes sociais alimentam, mas não são as únicas responsáveis pela egolatria que tomou conta do mundo. Vivendo numa bolha chamada sociedade de consumo, cada um de nós passou a ser encarado como um produto e, como tal, precisa se vender. Para se colocar bem no mercado do amor e no mercado de trabalho, tornou-se obrigatório apresentar um perfil, e então tratamos de falar muito sobre nós, sobre nossos atributos e tudo o que possa fazer a gente avançar em relação à concorrência, que não é pequena. Somos os publicitários de nós mesmos, uns mais discretos, outros mais exibidos, mas todos procurando encantar o próximo, que propaganda nada mais é do que isso: a arte de seduzir.

Contraditoriamente, quando se torna necessário falarmos não de nossos atributos, mas de nossas dores, de nossas inseguranças e de nossos defeitos, fechamos a boca. Mesmo os que estão bem perto, aqueles que nos são íntimos, não escutam a nossa voz. Calamos por temer um julgamento sumário. Produtos precisam ser eficientes, não podem ter falhas.

A boa notícia é que tudo isso é um absurdo. Não somos um produto. Não precisamos de slogan, embalagem, jingle. Estamos aqui para conviver, e não para sermos consumidos. E, se quisermos que realmente nos conheçam, o ideal seria parar de nos anunciarmos como o último copo d’água do deserto.

O documentário Eu Maior, um dos trabalhos mais tocantes a que assisti nos últimos tempos, traz o depoimento de filósofos, artistas, cientistas e ambientalistas sobre quem verdadeiramente somos e como devemos nos relacionar com o universo. Entre várias colocações ponderadas, teve uma de Marina Silva que tomei como uma lição de comportamento: “Você descobre a qualidade de uma pessoa não quando ela fala de si, mas quando ela fala dos outros”.

Ou seja, o que revela sua verdadeira natureza são os comentários venenosos que costuma distribuir ou os elogios que faz sobre amigos e desconhecidos. São as fofocas que oculta para não menosprezar seus semelhantes ou que espalha por aí, acrescentando uma maldadezinha extra. Você é avaliado de forma mais precisa através da sua capacidade de enaltecer o positivo que há ao seu redor ou de propagar o negativismo que sobressai em tudo o que vê.

Você demonstra que é uma pessoa maior – ou menor – de acordo com sua necessidade de diminuir ou de valorizar aqueles que o rodeiam, de acordo com um olhar que deveria ser justo, mas que quase sempre é competitivo. É através das suas palavras amorosas ou das suas declarações injuriantes que os outros saberão exatamente quem é você – pouco importando o que você diga sobre si mesmo.


Sobre você mesmo, deixe que falemos nós.

20 de julho de 2014 | N° 17865
FABRÍCIO CARPINEJAR

Esquizofrenia do amor

Não sei o que é mais perturbador: aquele que se sente incomodado e discute a todo momento ou o que atravessa a tempestade verbal sem nenhuma alteração de humor.

Já fui os dois, mas ainda arco com a indecisão sobre qual tipo ajuda mais o amor. Não tenho a resposta, até porque resposta nem sempre é solução.

Qual o perfil mais agradável: o que debate sem parar ou aquele que não debate nunca? O que chora nos primeiros minutos de distância ou o que não chora jamais? O que se desespera nas divergências ou quem vira as costas, bate a porta e foge de qualquer conversa séria? O que se mostra muito interessado em tudo o que se vive dentro do casamento, corrige os problemas na hora, sofre horrores para se fazer entender ou o que despreza os aborrecimento diários, não alimenta a fogueira das palavras e larga discussões com a confiança intacta, como se nada tivesse acontecido?

Não venha concluir que é o meio-termo, o meio-termo não é uma realidade amorosa.

Gostaria de entender qual dos extremos tem mais sucesso na resolução dos conflitos. Sobram pontos positivos e negativos para ambas as partes.

O primeiro ama escandalosamente, sofre com as oscilações do cotidiano, só que também não deixa os desentendimentos naturais esfriarem. Pode gerar rupturas pelo cansaço.

O segundo facilita a mudança de estado de espírito, só que parece gélido e imperturbável, subestima as dificuldades da companhia e corre o risco de criar um perigoso distanciamento na relação.

O primeiro tem a virtude da sinceridade, porém estraga a noite com sua ansiedade. Briga e não consegue realizar coisa alguma até firmar as pazes. Não dorme, não come, mergulha no mal-estar profundo. Apresenta beiço, raiva, contrariedade e vai se aquietar apenas com carinhos, abraços redentores e pedidos espalhafatosos de desculpa. É sincero, porém passional.

O segundo tem uma leveza maravilhosa e também irritante. Recém quebraram os pratos e conversa com absoluta desmemória, como se estivesse acordando naquele momento. Ao mesmo tempo em que evita dramas desnecessários, também não permite a intimidade da raiva e da catarse. A sensação é de que os gritos e as discordâncias entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Você está inchada do choro e ele já está vendo sua série predileta e rindo loucamente.

É uma dúvida insaciável, a mesma que atinge nossa reação diante do ciúme: se preferimos estar acompanhados do preocupado que não oferece um minuto de trégua ou de um indiferente, que nem nos olha?


Cada vez mais reconheço que no amor não existe o melhor, mas o menos pior.

sábado, 12 de julho de 2014


13 de julho de 2014 | N° 17858
FABRÍCIO CARPINEJAR

Só é fútil quem não ama

No amor, eu quero ser útil.

Que você aceite o que tenho para dar, senão dói o excesso em mim.

O excesso que não é dado me machuca.

O excesso que não é dado acaba em egoísmo.

O abraço que fica comigo me emburrece. O beijo que fica comigo me angustia. A palavra que fica comigo me tranca. O sonho que fica comigo é solidão.

Aceitar o que ofereço já é me cuidar. Aceitar o que ofereço já é me amar.

Que você me deixe ser carinhoso, que me deixe ser romântico, que me deixe ser educado, que me deixe ser tarado, que me deixe ser preocupado, que me deixe falar bobagem para atrair sua infância.

Que me deixe comprar presente, oferecer carona, preparar café na cama, perguntar mil vezes se está tudo bem.

Que não diga que não precisa. Não precisar é negar, não precisar é não dar importância.

Quero que você queira estar comigo quando estiver enjoada, com febre, dor de cabeça, gripada, que eu seja sua emergência, sua urgência, seu colo e suspiro.

Quero que você queira conversar comigo porque sou seu melhor conselheiro, que seja seu contato mais usado no celular, a primeira pessoa a quem você deseja contar uma novidade.

Quero que você queira assistir filme comigo para segurar minhas mãos e pedir meu abraço, que eu seja seu casaquinho do cinema.

Quero que você queira beber comigo para brindar: vinho para segredos, cerveja para fofocas, uísque para assuntos sérios, tequila para loucura.

Quero que você queira transar comigo para que possa escrever meu suor em sua pele.

Quero que você queira minha barba, meu perfume, meu toque, minhas pernas, meu peso.

Quero que você queira passear comigo no fim de tarde, caminhar pela Encol tomando chimarrão enquanto o sol faz chapinha nas nuvens.

Quero que você queira ouvir meus textos, refletir comigo, contestar o que não acredita.

Quero que você queira que não viaje a trabalho, parando na frente da porta com suas chantagens eróticas.

Quero que você queira subir a serra de repente, para escolhermos as músicas de nossa preferência.

Quero que você queira voltar correndo para casa e grite meu nome como sua campainha.

Quero que você queira não largar a cama durante o frio para levantarmos um acampamento farroupilha no quarto.

Quero que você queira mostrar seus trabalhos, suas ideias, ouvir com atenção meus comentários, agradecer minha atenção.

Quero que você queira a cumplicidade como nunca houve na vida de nenhum dos dois, quero que você queira a exclusividade, que nos defenda para os amigos, que não nos fragilize perante os outros.

Quero que você me queira sempre, acima de tudo.


Porque só posso ser útil para quem me quer.

13 de julho de 2014 | N° 17858
MARTHA MEDEIROS

Copa rock´n´roll

Hulk na guitarra, Cahill no baixo, Maya Yoshida na bateria e Eto´o no vocal. Essa é a banda de rock que entrou no palco para tocar Paradise City, do Guns nRoses. Não é delírio meu, e sim um inusitado comercial de cerveja que começou a ser veiculado antes do início da Copa, com craques das seleções de Brasil, Inglaterra, Japão e Camarões brilhando em outro campo. Para quem está acostumado a ver o futebol associado ao pagode, a ideia publicitária pode ter parecido estapafúrdia, mas eu achei coerente. Toda Copa é meio rocknroll.

Mais de uma vez escrevi sobre minha paixão pelo rock (e pelo blues que lhe deu origem). Por mais que admire outros gêneros musicais (jazz, soul, pop, bossa nova), tenho com o rock uma afinidade que extrapola o simples gostar – tanto que o uso como adjetivo.

Criança ainda, vibrava com Janis Joplin, Tina Turner e Rita Lee, que, através da sua música, traduziam uma essência difícil de transmitir em palavras. Nada nelas era conveniente em se tratando de “mocinhas”, e sim provocativo, sexy, autêntico, livre. Não era um som para relaxar, e sim para impulsionar, produzir reações físicas, alterar comportamentos. Por mais surrado que seja o termo, é o que se chama, até hoje, de “atitude”.

Da mesma forma, tive pelos Beatles e Rolling Stones a mesma reverência que muitos têm por Bach, Mozart, Chopin – a existência de gênios clássicos não elimina a influência de simples mortais que também emocionam. Exatamente há um ano, estive num espaço aberto maior do que o Maracanã para assistir ao vivo, pela primeira vez, a um show dos Stones, e quando eles entraram em campo fiz o mesmo que Thiago Silva, David Luiz, Julio Cesar: chorei. Pois é. O rock, parente de Satanás, costuma me conectar com meus instintos mais primitivos, enquanto os anjos tapam os olhos.

Hoje, 13 de julho, Dia Mundial do Rock, é dia também do encerramento dessa Copa em que o primitivismo esteve flagrante nos gramados, através de lances que combinaram mais com guitarras do que com pandeiros. O ilícito e o lícito disputando a bola com atrevimento, garra, provocação, jogo de quadris, paixão, rebeldia, sensualidade – e atletas venerados como rockstars. Tudo muito exagerado, mas bem-vindo, nem que seja de quatro em quatro anos.

Esse texto foi entregue com uma antecedência que me impede saber quem estará decidindo o título neste domingo, mas, seja quem for, que provoque pela última vez, em cada torcedor, a excitação recorrente no rock, aquela que faz a gente trocar o etéreo pelo visceral, o recato pela explosão, já que na segunda-feira o barulho inevitavelmente diminuirá. Retornaremos à alegria comedida, a um ritmo menos eletrizante, a um jeito de viver mais sossegado, à normalidade dos dias, à trivialidade popular brasileira.


quarta-feira, 9 de julho de 2014


09 de julho de 2014 | N° 17854
MARTHA MEDEIROS

Homens

Mulheres, não reclamem. Nunca se viu tanto homem, ao menos na tevê. Viva a Copa, que deixará saudades. Mas quem quiser se aprofundar um pouquinho no mundo masculino, troque a tevê pelo cinema, a fim de assistir ao filme espanhol O que os Homens Falam. Nele, cinco esquetes expõem as crises de meia-idade dos nossos queridos. A presença do argentino Ricardo Darín é a cereja do bolo, mas os demais atores são excepcionais também.

Divertido, inteligente e enternecedor. Quando cheguei em casa, ainda trazia um sorriso no rosto, tal é a leveza desse filme que desmistifica o macho alfa, revelando os homens como realmente são: falíveis, infantis e doces, até mesmo os cafajestes. Até eles.

A luta feminina pela conquista de direitos é legítima e necessária, mas criou uma atmosfera de campo de guerra – o homem passou a ser visto como o predador que deve ser combatido, o responsável por todas as infelicidades que nos atormentam.

Se são, é porque damos a eles o protagonismo de nossas histórias românticas e eles acabam se transformando em inimigos íntimos, mas culpa, culpa mesmo, ninguém tem de nada. Tanto eles como nós somos igualmente cerebrais e emotivos. O que nos difere, talvez, seja o humor, que é a maneira como externamos nosso ponto de vista sobre o que acontece.

E aqui entro em campo minado, prestes a receber uma saraivada de insultos das minhas parceiras de gênero: considero o humor masculino mais interessante. Há quem diga inclusive que não existe humor feminino – quando ele funciona, é porque é masculino também. Pode ser. A mulher recorre à caricatura e ao exagero para tornar-se engraçada – somos as rainhas do drama, como se sabe. Já o humor masculino é reflexo de uma observação realista – eles extraem graça do inevitável, e isso me parece extremamente comovedor.

Homens riem de si próprios com economia, sem excessos. Puro charme. É isso que encanta nos personagens de O que os Homens Falam. Não são inflamáveis, e sim discretos, falam com poucas palavras, e também através de gestos e olhares sutis.

O humor deles seduz (ao menos a mim) porque não é cênico, teatral, e mesmo quando existe a intenção de fazer rir, o fazem sem alarde – Woody Allen e Luis Fernando Verissimo têm isso em comum, para exemplificar. É um humor que não sei como adjetivar de outra forma, a não ser dizendo o óbvio, que é um humor masculino no que o homem tem de melhor: a desafetação.

Do cinema realista para uma tragédia grega contemporânea: a peça A Vertigem dos Animais antes do Abate, mais um projeto liderado por Luciano Alabarse, fica em cartaz no Theatro São Pedro de amanhã até domingo. A nossa bestialidade primitiva em cima do palco, a nu, com elenco, direção e música de primeira. Para adultos de estômagos fortes – masculinos ou femininos.


segunda-feira, 7 de julho de 2014


07 de julho de 2014 | N° 17852
ARTIGOS - PAULO BROSSARD*

COISAS DA COPA

Neymar, a grande figura da Seleção Brasileira n a C opa do Mundo, sofreu uma fratura da terceira vértebra lombar, em consequência de joelhaço que o atingiu por parte de um lateral da Colômbia. A brutalidade foi documentada no início, meio e fim, uma vez que reproduzida pela generalidade dos meios de comunicação, nacionais e estrangeiros, de forma que a ocorrência e o modo como ela ocorreu foram fartamente difundidos.

Embora não seja possuidor da paixão pelo futebol, não ignoro que há normas cogentes a disciplinar a lisura da ação esportiva; é pacífico que a agressão em campo é incompatível com elas. Ora, em várias disputas eu vi, com os meus olhos, cenas nada esportivas e inequivocamente violentas em meio à paralela leniência dos juízes.

E isso na Copa do Mundo. Vê-se que o resultado se tornou público no lamentável caso de que foi vítima Neymar, que pode não ter sido de alta ou perene gravidade, mas que o tirou do campo, privando a Seleção Brasileira por algum tempo de personagem de marcada primazia, exatamente no momento crucial das finais.

Admitir como lícita a agressão capaz de gerar impedimento efetivo de esportista por algum tempo, dias, semanas, ou até meses, seria legitimar a violência mais ostensiva, com a agravante de ter ocorrido perante os olhos do mundo. Enfim, não perdeu a atualidade a sentença castelhana, segundo a qual “Al valiente no quite el cortés”.

Sem prejuízo dessa mácula, é de ser considerada bem-sucedida a copa mundial realizada entre nós. Pode-se dizer, sem exagero, que os êxitos já verificados garantem o bom sucesso da iniciativa, a qual altera de tal modo a vida nacional de forma a permanecerem todos, brasileiros e estrangeiros sem conta, sob o império da Copa, como se submetidos ao fascínio do futebol, convertido na secular lei da terra.

Contudo, é de lastimar o fato, inegável e notório, da coincidente estagnação nacional, consórcio da inflação com a paralisação econômica, e que não é segredo para ninguém, quando se reconhece e se afirma que a indústria está em crise, ainda que o setor agroindustrial, tantas vezes injuriado, venha respondendo pelo alívio ainda visível do conjunto.

A partir da festa final no próximo domingo, não será surpresa se os incômodos de certa forma afastados e momentaneamente quase esquecidos voltarem a ocupar as preocupações do cotidiano, recolocados no proscênio dos acontecimentos. Não me sinto à vontade para indicá-los e me limito a aludir ao que me parece poderá ocorrer nessa fase.

*JURISTA, MINISTRO APOSENTADO DO STF


sábado, 5 de julho de 2014


06 de julho de 2014 | N° 17851
MARTHA MEDEIROS

90 minutos

A primeira Copa que recordo com clareza foi a de 1970, eu tinha oito anos. Assisti a todos os jogos do Brasil sentada no chão, lugar de criança. O sofá era reservado aos mais velhos (pai e mãe entrando na casa dos 30, uns fósseis), então a mim restava o parquet, que era bem limpinho.

Lembro que eu torcia, vibrava, não parava quieta, e esse não parar quieta incluía levantar e ir até o banheiro, depois ao quarto para escrever alguma coisa no diário, passar na cozinha para pegar um suco e uma bolacha Maria, voltar à sala, ver mais um pouco do jogo, e então dar uma descidinha até ali na rua para ver se tinha alguém com quem brincar, não tinha, voltar, assistir ao jogo mais um pouco, de novo ir ao quarto para ver se tinha tema para entregar na segunda-feira e, se tivesse, fazê-lo, e então voltar à sala a tempo de ver o Carlos Alberto fechando a goleada de 4 a 1 contra a Itália e o Brasil levantando a taça Jules Rimet.

Hiperativa? Não, isso nem existia. E também não era por causa do desconforto do chão que eu me levantava de tempos em tempos para me distrair com outras coisas. É que jogo de futebol, naquela época, demorava uma eternidade. Jogo de futebol durava umas quatro horas e meia no tempo regulamentar. Pensando bem, acho que cinco horas. Ou seis. Jogo de futebol engolia todo o domingo.

Quando o pai saía para o estádio com meu irmão, eu e minha mãe íamos a uma sessão dupla de cinema, depois dávamos uma passadinha na casa da vó, tomávamos um lanche no Joe´s e, quando voltávamos para casa, ligávamos o radinho e o jogo deles ainda estava no primeiro tempo.

Quando o pai dizia “hoje tem jogo”, eu ia para o sítio dos primos em São Sebastião do Caí, brincava, brincava, brincava e, quando voltava para casa, o juiz ainda não tinha apitado o fim da partida.

Jogo de futebol era algo tão longo, tão extenso que parecia iniciar-se na quarta e terminar na quinta, dava tempo de o edifício em obras ao lado do nosso ficar pronto, alguém podia se submeter a uma cirurgia no cérebro durante uma semifinal que receberia alta antes da decisão por pênaltis.

Dizem que jogo de futebol sempre durou 90 minutos. Imagina se caio nessa.

É só comparar com os jogos de hoje. O time dá o pontapé inicial, eu vou rapidinho até o micro-ondas para ver se a pipoca ficou pronta e quando volto para a frente da tevê os jogadores já estão trocando de camisetas com os adversários e cumprimentando o juiz. O jogo começa às 13h, eu tiro a mesa, vou escovar os dentes e, quando retorno para a sala, o Galvão Bueno e a Patrícia Poeta já estão dentro da noite escura mostrando a reprise dos gols.


Tudo anda muito ligeiro, antes nada terminava. Noventa minutos durava uma vida. Mas agora, pelo visto, quem está durando uma vida sou eu.

06 de julho de 2014 | N° 17851
ANTONIO PRATA

Abundância

Senta-se muito mal por este mundo afora: em bancos de concreto, em tamboretes frios, de metal, em tábuas duras e sem encosto. Não entendo. Tenho cá para mim que uma poltrona ou uma cadeira confortáveis são como um prato bem preparado, um bom vinho, um dia de sol: um breve alívio em nossa incessante caminhada sob a inclemente gravidade. E, no entanto...

Conheço um homem muito rico que tem uma ilha. É dessas histórias: começou servindo cafezinho na empresa, bancou os próprios estudos, foi subindo, subindo, subindo, chegou à presidência, comprou uma ilha. Semana passada, me levou para conhecê-la.

À casa, no alto do morro, ele não dá muita bola: “Essa parte é da minha mulher”, diz, seguindo apressado em direção ao quiosque, uns 50 metros atrás. Ali, à beira-mar, construiu um pantagruélico complexo gastronômico: churrasqueira, forno a lenha, geladeira industrial, máquina de chope com quatro torneiras, câmara fria e um forno de pizza grande o suficiente para assar dois carneiros inteiros – o que ele faz, algumas vezes por ano. O quiosque é sua Disneylândia, sua Shangri-La, o prêmio autoconcedido por tantos anos de abnegação. É onde pretende passar boa parte de seu tempo livre. Pois bem, no meio do quiosque há uma mesa de jacarandá e dois bancos compridos – sem encosto.

Veja: o cara gasta milhões de reais na ilha, mais alguns milhares no quiosque. Manda trazer cordeiros da Patagônia, faz pessoalmente a marinada com 50 litros de vinho branco, 80 cabeças de alho, 200 ramos de alecrim. Importa chope de uma microcervejaria dinamarquesa, regula a temperatura em 4,6°C – e depois disso tudo, depois de 30 anos de esforço e 18 horas de lenta cocção, castiga o corpo cansado no tronco? Entrega o peso de seus ombros aos pobres músculos do abdome? Convenhamos: é impossível ser feliz sem apoiar as costas.

O leitor pode achar que é um problema do meu amigo. Culpa, talvez, por tudo o que conquistou? Nada. Ano retrasado, enquanto cobria a Olimpíada para este jornal, visitei a Torre de Londres. Contemplei cetros de ouro maciço, coroas cravejadas de diamantes, tronos de reis e rainhas. Vocês já viram um trono? Ora, os líderes supremos do Império Britânico podiam apoiar seu poder no alto dos céus, mas os majestáticos glúteos apoiavam é em duríssimos assentos de madeira, com encosto reto, a 90 graus – isso, séculos após o glorioso advento da almofada. (Não é à toa que tenham deixado Índia, África e Ásia naquele estado.)

Sei pouco sobre a vida: nunca li Proust, minha matemática parou na regra de três e dos afluentes do Amazonas só me ocorrem o Negro e o Solimões, mas encontrei a minha poltrona. Nela aboletado, com os pés esticados num pufe, uma almofada escorando a cabeça e um copo de água com gás na mesinha ao lado, posso ler A Comédia Humana num fôlego, ver Breaking Bad de ponta a ponta, assistir a minha filha crescer.


Dizem por aí que a nossa missão na terra é escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Bobagem. O que importa é encontrar uma poltrona. Tá bom: um amor e uma poltrona. O resto, se tiver que vir, virá.

06 de julho de 2014 | N° 17851
FABRÍCIO CARPINEJAR

A última bolacha recheada do pacote

A vingança é um efeito colateral da vaidade. É um sinal da arrogância que existia desde o começo da relação.

Ninguém se torna vingativo, as pessoas já são vingativas e demonstram a predisposição de destruir logo no primeiro encontro.

A vingança não é uma novidade do fim, mas uma notícia velha do início.

Não venha dizer que só conheceremos com quem a gente se casou quando nos separamos. A gente conhece de quem a gente vai se separar quando casamos.

Quem se acha demais acaba se vingando. Porque pensa que, ao namorar, realiza um favor. Porque pensa que, ao namorar, concede o bilhete premiado de sua companhia. Porque pensa que, ao namorar, está garantindo a simpatia de sua conversa, a gentileza de sua personalidade, a dádiva de sua alegria, o luxo de seu humor, atributos raros e impossíveis de se jogar fora.

Quem se acha demais não namora, na verdade dá uma chance.

O tipo narcisista se coloca na posição de provedor da verdade. É afetado, unilateral e autoritário – tornou-se assim pela beleza, pelo dinheiro ou pela projeção social.

A questão é que se enxerga perfeito e intocável e confunde sua presença amorosa com filantropia.

O narcisista não admitirá qualquer crítica, e a separação é a maior delas, discordância evidente de seu modo de vida.

Jamais aceitará que errou, jamais pedirá desculpa, jamais arcará com a responsabilidade de seus atos, jamais carregará culpa pelo distanciamento. Não tem humildade da autocrítica para acolher suas falhas, muito menos sente o remorso que vem da saudade. Não tem aquela pontada natural após uma ruptura, aquela tristeza baldia e consciência aguda de que foi desatento e que poderia ter sido diferente.

Não atravessa o luto, parte direto para a represália. Uma vez rejeitado, fará de tudo para mostrar que a pessoa nada é sem ele. Diante de uma ruptura, pode deflagrar perseguição, boicote e uma série de constrangimentos sociais. Procura humilhar quem antes adorava, procura rebaixar quem antes endeusava. Troca de lado: odeia com todo o ânimo quem amava.

Sua generosidade é investimento ou um modo de manter o controle da situação. O que oferece ao longo da convivência cobrará no final.

É tão centralizador que usa a dor para aumentar seu poder e castigará qualquer um que renunciou o prazer de seu reflexo.

O narcisista é vingativo por perceber o amor como uma monarquia. Sem ele, o outro não é nada, não tem história, não tem passado, não tem futuro. Distanciado de seu domínio, perde o direito à coroa e converte-se, de novo, em reles súdito.

A vingança é vaidade, mas não tema, não se acovarde.


A última bolacha recheada do pacote ficará para as formigas.

quarta-feira, 2 de julho de 2014





Longe É Perto... 


Um Dia Vou Te Encontrar 
Porque Nenhuma Distância 
É Longe, Quando Se Ama 
O Quanto Eu Amo Você.




“Muita coisa é resolvida em um simples abraço.
Dentro dele o mundo fica mais seguro e bonito.
Com ele surge a esperança e o encontro.
O abraço protege, ampara, vibra, renova, acalma.
O abraço manda embora as mágoas, angústias e falhas.
E faz a vida ficar muito mais leve.”


Até amanhã...fiquem com Deus!
Adoro vocês!