sábado, 30 de dezembro de 2023


30 DE DEZEMBRO DE 2023
LEANDRO KARNAL 

Muita gente tenta. A pergunta percorre a história: como mudar o mundo? Os céticos apostam no imobilismo; os otimistas e românticos revolucionários falam de um mundo novo possível. Quem pode mudar o mundo? Como fazer isso?

Parece que as mídias sociais aumentaram nossa crença no abaixo-assinado. Que instrumento é esse? Um cabeçalho que identifica a primeira do plural (nós), uma causa explicitada e um conjunto expressivo de assinaturas: eis a fórmula.

Funciona? A história é boa para ser estudada, porque fornece qualquer argumento a qualquer convicção. Exemplo de sucesso? Para convencer o príncipe regente Pedro a ficar no Brasil e contrariar as ordens das Cortes de Lisboa, surgiu um abaixo-assinado. Frei Francisco de Sampaio redigiu e José Clemente Pereira entregou o documento. Oito mil assinaturas pediam que o Regente desobedecesse à ordem de retorno à Europa. Funcionou! O Dia do Fico, 9 de janeiro de 1822, surgiu de um abaixo-assinado.

Foi mesmo? A elite brasileira, os grandes senhores de terras e de escravizados, a maçonaria, uma parte importante do clero e muitas camadas urbanas desejavam a permanência de D. Pedro. O documento foi apenas um arabesco para uma decisão já tomada?

Resta algo a debater: o abaixo-assinado funciona, mas seria desnecessário? O simbolismo de 8 mil assinaturas seria apenas um teatro para um fato já decidido? Se houvesse um documento concorrente ao histórico, com 12 mil assinaturas pedindo que D. Pedro partisse, ele teria optado pelo numericamente mais forte?

A internet está cheia de abaixo-assinados. Tenho experiência que nem sempre são entregues. Reúnem dezenas de milhares e até milhões de assinaturas, sobre uma causa, divulgada em grupos específicos. Os amigos, irmanados nela, questionam: você já assinou?

Sentado no meu sofá, recebo a mensagem sobre um drama real que me comove. Vejo que há nomes de peso (fulano já assinou!) e coloco minha identidade a serviço daquilo em que acredito. Relaxo. Fiz parte da mudança. O mundo está melhor ou, ao menos, aquele do abaixo-assinado. O silêncio seria abominável, a omissão, criminosa! 

Minha consciência pede pela Amazônia, pela mudança na lei ignominiosa ou pelo fim da violência policial em tal lugar. Causa boa, nomes famosos, documento elaborado: tudo foi feito. E agora? O mundo mudará? A resposta é sempre complexa. Digam ao povo que fico, com esperança, para o bem de todos e felicidade geral da nação.

LEANDRO KARNAL

30 DE DEZEMBRO DE 2023
cARPINEJAR

O recomeço do amor a cada ano 

Se você pedir para Beatriz contar como me conheceu e depois pedir para mim, numa acareação em salas separadas, achará que não se trata do encontro do mesmo casal. Serão narrativas absolutamente diferentes, com detalhes pessoais e apanhados particulares do enlace. Ela poderá me contradizer, eu poderei contrariá-la, mesmo partindo de um evento comum a ambos.

Entendemos a realidade de um jeito emocional, subjetivo. Eu vou alegar que ela já estava a fim de mim e tomou a iniciativa, ela dirá que eu insisti e não larguei do seu pé. Quem está com a razão? Os dois!

Quando o par conta como se conheceu em versões distintas, significa que se respeita. Não ocorreu sufocamento de uma personalidade, de uma identidade, para que sobressaísse um olhar dominante. A convivência não é de cima para baixo, não há mandachuva, prevalecem a democracia e a diversidade.

Um agouro fúnebre de relacionamento unilateral e dependente é quando a lembrança é igual. Alguém se apagou na convivência. Alguém se anulou. Alguém não discorda mais. Alguém silenciou suas percepções. Existe quem compreenda o companheiro ou a companheira como parte do seu desejo, sem vontade própria, caminhando a passos firmes para o precipício da simbiose.

Forma-se uma só entidade, em detrimento da autonomia. Você vive a vida de quem está ao seu lado, para quem está ao seu lado, e se esquece perigosamente de seus projetos e sonhos. Passa a se desculpar pelo outro, a discutir pelo outro, a amar pelo outro, a falar ou se calar pelo outro. Com o tempo, não sabe mais quem se tornou.

Dividir a rotina não é planificar a memória. Não dá para adulterar o passado em benefício de um dos dois. Se o retrato falado do início do amor revela o quanto as pessoas preservam suas individualidades, a saúde do romance depende de jamais deixar de enxergar o seu marido ou a sua esposa como namorado ou namorada.

Evite pensar que o casamento é para a existência inteira. Ame dia a dia, numa decisão sempre renovada. A imortalidade nos adoece. Tudo fica sério demais, grave demais, imperdoável demais no matrimônio se colocamos a posteridade como régua. Somos esmagados pelas expectativas absurdas e longevas.

Raciocinar que estará com a pessoa por toda a vida não acalma nem garante estabilidade e segurança. Pelo contrário, produz angústia e ansiedade, fazendo com que exija mais do que a sua companhia é capaz de oferecer no momento. Você pesa os acontecimentos com o futuro, não com o presente.

Namorados são mais atentos e mais leves do que os casados, pois a sua previsão de relação é diária. Estão sempre saindo pela primeira vez. A primeira vez nunca termina de acontecer. É realmente um ano novo para o amor a cada ano que começa.

CARPINEJAR

30 DE DEZEMBRO DE 2023
FLÁVIO TAVARES

ANO NOVO, VIDA NOVA? 

O novo ano está aí, renovando esperanças ou relembrando o que deu certo. Mas, em alguns aspectos, 2024 não está por iniciar-se, pois 2023 ainda não terminou. Continuamos a reter na retina e na memória aquele 8 de janeiro quando turbas enfurecidas, vindas de diferentes Estados, atacaram as sedes dos três poderes em Brasília, destruindo o que encontravam.

Buscavam criar o caos para um golpe de Estado, desconhecendo o pleito que elegeu Lula da Silva.

Até então, só sucedera algo similar nos Estados Unidos, quando partidários do derrotado Donald Trump invadiram o Capitólio. Inauguramos a versão brasileira num episódio sórdido em que não aparecem os financiadores do terror.

A marca indelével, porém, respingou no cotidiano. Cada vez mais a política transforma-se em sordidez. A perversão chega ao modo de vida. Nas trocas comerciais, já não sabemos se o que nos oferecem corresponde ao que nos dizem que é.

Na política, esbanja-se o dinheiro público, como quando Lula da Silva e a esposa Janja gastam R$ 114 mil na compra de um tapete para o Palácio da Alvorada, onde residem. Mais ainda - compraram um sofá por R$ 65 mil para os fins de semana na Granja do Torto. O vice-presidente Geraldo Alckmin gastou R$ 156 mil para mudar o piso do dormitório do Palácio Buriti, onde mora.

Mas não há verba para prevenção da saúde, mesmo que a OMS aponte o Brasil como o país com maior incidência da dengue no mundo. A covid-19 reapareceu em nova cepa e matou no Ceará, mas não há sequer prevenção.

É inegável que demos um passo à frente elegendo Lula. Já não "passamos a boiada" como antes, quando o então presidente da República chegou a inventar que a vacina contra a covid "provocava aids".

Nem o passo à frente leva a desconhecer as invencionices e bravatas. Como o fez Lula na Cúpula do Clima, em Dubai, ao prometer que seu governo "tudo faria" para frear o aquecimento global que ameaça a vida no planeta. Logo o Brasil quis filiar-se à Organização dos Países Produtores de Petróleo, que é o grande poluidor. Mais ainda - a Petrobras vai explorar a área meridional do Rio Amazonas, contrariando até a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Estaremos em novo ano com vida nova?

FLÁVIO TAVARES

30 DE DEZEMBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

LIÇÕES DE 2023 

O ano que se despede deixa lições importantes para os brasileiros superarem mazelas históricas e encaminharem o país para um futuro melhor. Foi um período de turbulências políticas e sociais, como tantos outros que o Brasil já vivenciou ao longo de sua existência, mas chega ao final com um saldo promissor: a democracia consolida-se depois de passar por sobressaltos, a economia se beneficia de reformas há muito desejadas e até a polarização política abre brechas para o diálogo. Mas são ainda conquistas frágeis, que necessitam de permanente vigilância da sociedade para não se diluírem em novos retrocessos.

Nesse contexto, o que passou não deve ser considerado apenas passado, para que haja efetivo aprendizado. Com esse propósito, concentramos nesta breve retrospectiva os três principais temas que afetaram a vida dos brasileiros e dos gaúchos nos últimos 12 meses: instabilidade política, mudanças climáticas e reformas econômicas.

Não há como repassar 2023 sem começar pelo ataque à democracia caracterizado pela invasão e pelo vandalismo às sedes dos três poderes da República, em Brasília, no dia 8 de janeiro. Resultado direto da polarização política e do inconformismo do segmento derrotado na eleição presidencial, a tentativa de golpe provocou imediata reação dos brasileiros fiéis à Constituição e ao ordenamento democrático. Em consequência, as instituições reagiram, a ordem foi restabelecida, os golpistas foram contidos e estão respondendo à Justiça pelo delito. A lição daquele episódio é clara e insofismável: a democracia até saiu fortalecida, mas precisa de constante vigilância.

Também o clima precisa de monitoramento permanente, como se viu no decorrer do período que finda. Secas, enchentes, ciclones e temperaturas difíceis de suportar afetaram a vida de milhões de brasileiros nos últimos meses, castigando especialmente o Rio Grande do Sul, que passou de uma estiagem severa no primeiro trimestre para enchentes sem precedentes no mês de setembro, atingindo cidades inteiras no Vale do Taquari. Tudo isso entremeado por ciclones devastadores. O ano mais quente do planeta nos últimos 125 anos deixou lições que já deveriam ter sido aprendidas: sem cuidados ambientais pelos cidadãos e medidas preventivas pelos governantes, as perdas econômicas e de vidas se tornarão cada vez mais frequentes.

Na economia há avanços inegáveis, mas o país ainda não alcançou suficiente segurança jurídica que o proteja de recaídas populistas e de tentativas inoportunas de interferência nas leis do mercado. Ao mesmo tempo que reconhecem como meritória a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária, o setor produtivo e a sociedade em geral veem com desencanto a inapetência governamental para o controle das contas públicas e a consequente obsessão pelo aumento da arrecadação. 

Tanto que, nos estertores do ano, o Executivo volta a cogitar medida provisória para reverter a manutenção da desoneração da folha de pagamento dos setores empresariais que mais empregam. A lição do bom senso, ao que parece, ainda não foi totalmente assimilada.

OPINIÃO DA RBS

30 DE DEZEMBRO DE 2023
EDUCAÇÃO

O sonho da universidade mais próximo 

Quando Isabela Danzmann, 18 anos, recebeu a reportagem de GZH em sua casa, em Cachoeirinha, ainda não tinha se formado no Ensino Médio, o que aconteceria no dia 23 de dezembro. Já havia recebido, porém, a melhor notícia do ano: conseguiu uma vaga em Fonoaudiologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ainda havia temores sobre a aprovação ou não da sua documentação, mas a jovem resolveu deixar o destino fazer a sua parte e comemorar sua conquista.

- Eu faço o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) desde o 1º ano e, desde o 9º ano do Fundamental, já fazia alguns vestibulares. Foram muitos anos me preparando. Sempre foi um sonho. Desde pequenininha, eu lembro de pesquisar a cor da toga de cada curso - recorda a caloura.

Aluna da Escola Estadual Presidente Kennedy, em Cachoeirinha, Isabela contou a novidade da aprovação, em seu Instagram, em um post com a seguinte frase: "O maior ato de rebeldia de um aluno de escola pública é estar dentro de uma universidade".

- Por eu ser filha única e os meus pais não terem conseguido se formar na faculdade, eles sempre tiveram muito essa preocupação. Comecei cedo a fazer o Enem até para ir trabalhando essa ansiedade - conta.

Terapia

A estudante conta também com o suporte da terapia com uma psicóloga para lidar com esse momento. Independentemente do que acontecer, ela está animada: se não der para ingressar na UFRGS, vai trabalhar ou tentar algum tipo de bolsa em uma instituição privada. Só não vai desistir do sonho.



30 DE DEZEMBRO DE 2023
MERCADO DE TRABALHO

Carreiras de TI e ESG estarão em alta em 2024

Profissões ligadas a Tecnologia da Informação (TI) devem permanecer em alta em 2024, área que cresceu nos últimos anos e precisa de trabalhadores qualificados. Um dos motivos para a alta demanda é a ascensão do uso de Inteligência Artificial (IA) nas empresas e a necessidade de profissionais capacitados para lidar com essas ferramentas, bem como a questão da segurança dos dados, conforme especialistas ouvidos por ZH.

Segundo a consultora Thaline da Cunha Moreira, do PUCRS Carreiras, também haverá aumento na busca por profissionais focados em carreira e desenvolvimento profissional, tendo em vista a transformação em diversas áreas e a necessidade de adaptação:

- Pensando na transição, como a implementação de novas tecnologias e a necessidade de adequação de algumas profissões, os profissionais de carreira serão cada vez mais importantes. O mercado vai exigir que os trabalhadores desenvolvam novas habilidades e competências, e esses profissionais terão importante papel nesse processo.

"Aquecimento"

A diretora regional da Robert Half, Flávia Alencastro, destaca que saímos de um cenário de "superaquecimento" para um de "aquecimento" da área de TI:

- Mirando no futuro do mercado, as empresas seguem investindo em tecnologia. Agora, por mais que o cenário tenha dado uma equilibrada, não há dúvidas de que a área continua aquecida e permanecerá assim por um tempo.

A 16ª edição do Guia Salarial da Robert Half, divulgada em novembro, traz cargos em alta nas áreas de atuação da consultoria. No RS, além da TI, as áreas de maior relevância no próximo ano serão Engenharia, Finanças e Contabilidade e Vendas e Marketing.

Dentro da Engenharia, por exemplo, profissionais voltados para questões de ESG (governança ambiental, social e corporativa) são considerados promissores. Segundo o guia, gerente de Supply Chain, gerente de projetos, gerente de produção e especialista de ESG serão as funções com maior procura de trabalhadores no segmento.

- A demanda por colaboradores focados em ESG existe e ainda não é equilibrada, especialmente nas grandes empresas. O maior desafio está na junção de três cargos em um único. O que antes era um profissional de meio ambiente, um profissional da parte social e um profissional de governança agora forma o profissional de ESG, por isso é tão desafiador - explica Flávia.

A professora Karen Louise Mascarenhas, do Programa de Pós-Graduação em Administração da FGV, ressalta a relevância da sustentabilidade no mercado de trabalho. Para ela, 2024 será o ano de virada, com crescimento da área.

- Em 2023, as pessoas perceberam que a questão das mudanças climáticas é real, tivemos vários eventos extremos em diversas partes do mundo que mostraram isso. Com isso, todas as profissões voltadas para sustentabilidade, tanto para a mitigação desses problemas quanto à comunicação e divulgação disso, tornam-se cada vez mais importantes - destaca.

O relatório Futuro do Trabalho 2023, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com o apoio da Fundação Dom Cabral, aponta essa tendência. Ao todo, 23% das ocupações devem se modificar até 2027. O estudo demonstra ainda que a adoção de novas tecnologias e a implementação de práticas ESG vão transformar o mercado de trabalho nos próximos anos.

SOFIA LUNGUI

30 DE DEZEMBRO DE 2023
+ ECONOMIA

As muitas surpresas de 2023 que marcaram a economia 

2023 foi o ano em que os economistas erraram quase tudo. Mas as surpresas foram muito além de equívocos e, infelizmente, nem todas positivas. No Rio Grande do Sul, a violência das tempestades e de seus efeitos foi inesperada até para quem acompanha com atenção as consequências das mudanças climáticas. A coluna lista episódios mais inesperados, mas algum importante vai faltar, já que foram tantos.

A maior de todas

O desempenho do PIB surpreendeu em todos os trimestres. E a estimativa para 2023, que havia começado com 0,78%, saltou para 2,92%. No ano em que o juro real (descontada a inflação) esteve no topo histórico, havia expectativa de fraca atividade econômica. Como sempre lembra o Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic está em "nível contracionista", ou seja, deveria forçar a desaceleração. Ocorreu o oposto, porque a agropecuária tem taxas subsidiadas e financiamento público.

Ministro resiliente

Quando ficou claro que Fernando Haddad seria ministro da Fazenda, o mercado fez muxoxo. Com um discurso diferente da chamada "ala política" do governo, ganhou respeito e confiança. O economista Roberto Luis Troster, que se define como liberal, repetiu o que a coluna ouviu de um operador de mercado: o atual ministro é melhor do que seu antecessor, Paulo Guedes. Também se soube que Haddad chegou a pensar que não emplacaria 2024 na cadeira. A foto acima ajuda a entender.

Dragão anestesiado

O último IPCA-15 do ano veio acima das expectativas. Mas ainda com a perspectiva de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não precise escrever a carta aberta em que explica porque a meta estourou, como fez em 2021 e 2022. Há suspense, porque fechou em 4,72% - uma "folga" de 0,03 ponto percentual. Se o IPCA cheio, que será conhecido só em 2024, passar do teto de 4,75%, vai ter carta.

As trocas na Petrobras

Não houve apenas troca de gestão, também mudança na política de preços e de distribuição de dividendos, ambas recebidas com certa boa vontade no mercado. As ações da companhia acumularam alta de 62,48% em 2023. Isso, mesmo com ruídos gerados pela flexibilização dos critérios de governança, que gerou suspeitas de retomada da interferência política.

Brasil na Opep

Houve outros convites, mas o governo Lula aceitou aderir à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). E foi às vésperas da COP28, o que deu ao país o "antiprêmio" Fóssil do Dia na cúpula do clima em decorrência da antifaçanha. A formalização deve ocorrer em janeiro de 2024, segundo o governo como "observador", situação dos países não submetidos à obediência das cotas de produção impostas pelo cartel dominados pelos árabes.

Mistério do emprego

No último dia útil de 2023, saiu o dado que quase superou o PIB em surpresa: o desemprego caiu para 7,5% em novembro.Redução de desemprego e queda de inflação não costumam ocorrer ao mesmo tempo. Os mais intelectualmente honestos admitem: "Ninguém esperava isso, ninguém sabe explicar", disse à coluna o ex-secretário do Tesouro Mansueto Almeida.

Reforma tributária

Foram quase 40 anos de espera, mas uma parte foi aprovada. O resultado da mudança nos impostos sobre o consumo não é o ideal, mas projeta economia de R$ 28 bilhões. E o presidente tem ao menos meia reforma no currículo. Ainda deve a segunda metade, prevista para 2024.

Recordes na bolsa

A bolsa de valores no Brasil teve alta acumulada de 22,28%, a maior desde 2019. Ajudaram a baixa do juro (que começou em 13,75% e terminou em 11,75%), a reforma tributária, a melhora de avaliação sobre o ministro da Economia e, sobretudo, a perspectiva de outro ciclo de baixa, nos EUA.

Violência climática

Apesar dos reiterados alertas dos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), terríveis consequências vieram antes do esperado. No Rio Grande do Sul, tempestades foram fatais. Como disse em entrevista à coluna o australiano John Nairn, consultor sênior da Organização Meteorológica Mundial (OMM), se as mudanças se aceleram, é preciso apressar as respostas.

Petróleo na costa do RS

A jornalista que assina esta coluna antecipou informações sobre interesse crescente na exploração da Bacia de Pelotas e, ainda assim, surpreendeu-se. É que se imaginava um número inédito de blocos arrematados (mas não tão grande) e empresas interessadas (mas não tão grandes). É um tanto espantoso que isso ocorra justo quando o planeta está comprometido com a transição energética. Mas tudo indica que, sim, desta vez haverá exploração "séria", para a qual é preciso adotar os devidos cuidados ambientais.

MARTA SFREDO

30 DE DEZEMBRO DE 2023
MARCELO RECH

A grande volta 

Concluí há algumas semanas um antigo plano: fazer o contorno do Rio Grande do Sul sobre duas rodas. Batizei-o de A Grande Volta do Rio Grande. Após percorrer 2,5 mil quilômetros, dos quais um terço em estradas de chão, e de muitas reflexões com o capacete, pude chegar a algumas conclusões:

- O Rio Grande do Sul é enorme - maior do que o Reino Unido e sete vezes a Holanda. Meio óbvio, por certo, mas geralmente só vamos de um ponto a outro. Ao se dar a volta no Estado, contempla-se a real extensão do Rio Grande do Sul e sua incrível diversidade. Tenho a impressão de que se poderia viajar todos os dias por décadas e não se conheceria todas as maravilhosas estradinhas gaúchas.

- O Rio Grande do Sul é tremendamente subaproveitado para o turismo. É preciso conhecer para proteger. Só aquilo que valorizamos tem defesa permanente. A Serra e o Litoral estão bem consolidados e merecem a fama e os recursos do turismo. Mas há um potencial extraordinário em outras regiões. Para ficar só nos contornos, o interior de Caçapava do Sul, o Pampa e as margens do Rio Uruguai, além dos extraordinários Campos de Cima da Serra, são algumas das áreas que deveriam atrair mais atenção. Já o miolo do Estado teria uma lista telefônica de outras atrações.

- Na maioria das regiões acima, pode-se fugir das muvucas turísticas e mergulhar no Rio Grande mais profundo, com boas opções de hospedagem e gastronômicas. Mas há muito por que avançar. O Parque Estadual do Turvo, por exemplo, que foi corretamente concedido à iniciativa privada, só abre de quinta a domingo. Como atrair turistas de passagem pelo noroeste do Estado com tal restrição? Quem vem ao Rio Grande também espera encontrar costumes gaúchos - e não música sertaneja estourando nos alto-falantes de restaurantes ou só pizzarias em cidades menores.

- Se seus interesses primeiros forem história e cultura, Porto Alegre, Santa Maria, Pelotas, Caxias, Rio Grande e outras cidades dão conta do recado. Mas me arrisco a dizer que a natureza gaúcha, do que resta da Mata Atlântica às lagoas e à vastidão do Pampa e do Litoral Sul, são o que o Rio Grande tem de mais diferenciado. Proteger e valorizar o ambiente no Rio Grande do Sul é um patrimônio insubstituível.

- Você não pode querer conhecer o Rio Grande e ficar com o carro limpo. Grande parte desse território mais diverso só é alcançável em estradas de chão. Há lugares, como o antigo Forte do Caty, no interior de Livramento, quase inacessíveis e fechados ao turismo. Fosse na Escócia, haveria ônibus de excursão na porta e atores reencenando as histórias de degolas no local. Por enquanto, até o Google Maps se atrapalha em indicar o caminho para lá.

MARCELO RECH

Um brinde à infelicidade 

Você leu certo: nesta virada de ano, eu não vou desejar que você seja feliz - pelo menos não no sentido opressivo do termo, que nos obriga a ser quem não somos.

Eu sei que parece meio ridículo escrever algo assim, mas já reparou como o conceito de felicidade permanente - inventado no século 18 e elevado ao nível da obsessão na era pós-moderna - tem essa conotação?

Já não basta viver momentos alegres e ser uma pessoa de bom astral: você precisa mostrar ao mundo o quanto é feliz o tempo todo. É preciso ser realizado(a), autossuficiente e bem-sucedido(a). É importante sorrir e estar com a pele boa (ou usar um bom filtro nas redes sociais).

E, claro, é fundamental fazer o que os outros esperam que você faça. Sempre "os outros". Até quando vamos viver para agradar os outros? Tem gente que passa a vida agindo dessa forma, sem nunca criar coragem para romper as correntes.

Não é à toa que a "obrigação de ser feliz" (e de gritar isso no megafone) virou tema de livros e debates mundo afora. Em A Euforia Perpétua, o filósofo francês Pascal Bruckner mostra como o culto à felicidade eterna condenou os ocidentais a serem eufóricos o tempo todo. E sabe qual é a consequência imediata disso? A frustração perpétua. A infelicidade, ironicamente.

Antes do século 18, com o despontar dos ideais iluministas e a certeza de que o homem (naquela época, as mulheres eram invisíveis) tudo podia, havia até um certo orgulho na melancolia. Demonstrar felicidade demais, em certos lugares, era quase uma afronta divina.

Duvida? Pois então leia História da Felicidade, de Peter Stearns, professor da George Mason University, nos Estados Unidos. O conceito mudou por volta dos anos de 1.700, inclusive com uma citação na declaração de independência norte-americana e na Constituição francesa de 1793. A felicidade passava a ser um direito. Daí para virar obrigação foi um pulo.

A partir de então, surgiu a ideia de que era legal sorrir e esperar sorrisos em retribuição. Como escreve Stearns, "as boas maneiras começaram a ser redefinidas no sentido de enfatizar o positivo".

Até nos romances literários as "mocinhas" eram descritas com "sorrisos encantadores e doces" e passou a haver pressão por "finais felizes". Também foi nessa época, segundo Stearns, que passaram a ganhar terreno novos dentistas, com técnicas para deixar as arcadas dentárias mais bonitas. Eram os novos tempos chegando.

Depois disso, você já sabe: tudo acabou contribuindo para disseminar e amplificar o ideal da felicidade permanente.

Hoje, talvez sejam as redes sociais os principais vetores disso, com seu exército de influenciadores digitais e as fotos de comerciais de TV que nós mesmos insistimos em postar, afinal, fazemos parte do "esquema". Queremos ser bem vistos.

É por isso que, nesta virada de ano, não desejo felicidade. O que almejo é autenticidade e coragem para quebrar padrões e fazer o que realmente se quer. Mais olho no olho e menos telas, mais vida real e menos redes sociais. Que tenhamos os amigos e os familiares por perto, fisicamente, não apenas em trocas de mensagens. Que sejamos nós mesmos, sem tanta cobrança e pressão, sem querer agradar ninguém.

Ou melhor, que queiramos, sim, contentar alguém: nós mesmos, ainda que isso signifique dizer "não" e perder seguidores no Instagram, no TikTok ou seja lá onde for.

Façamos, pois, um brinde à "infelicidade"!

INFORME ESPECIAL 

terça-feira, 26 de dezembro de 2023


26 DE DEZEMBRO DE 2023
CARPINEJAR

O que me ensinou a troca de presente na loja

Eu me magoava profundamente quando a esposa ou os filhos queriam trocar na loja os presentes que cuidadosamente escolhia para eles. Eu entendia que estava sendo avaliado, e mal avaliado: o ajuste demonstrava que não os conhecia o suficiente, que havia falhado na surpresa, errado no gosto.

Tinha um fundo passional de humilhação. Eu me sentia rejeitado junto com o pacote, recusado junto com o embrulho.

Enxergava a situação com o olho ferido do ego. Como se meu papel de marido ou de pai se despedaçasse com o martelo do julgamento. Vinha uma vergonha diante de todos que testemunharam a aquisição. Já imaginava o atendente da loja lembrando de mim, do meu entusiasmo na compra e lamentando: "ele não sabe nada sobre a própria família". Com o despojamento da maturidade, filtrei o impasse sob um ponto de vista mais otimista. Alterei radicalmente o meu posicionamento.

Passei a compreender que a minha relação com a esposa e com os filhos é tão sincera que permite a liberdade da substituição de presente. Há intimidade entre nós, uma abertura comunicativa, um diálogo franco para ninguém ficar com algo de que não gostou. Ninguém finge agrado ou mente para corresponder às expectativas. Ninguém agradece ou sorri com hipocrisia. Ninguém vai silenciar o seu temperamento ou as suas vontades para não se indispor comigo. Despertamos em cada um o desembaraço prático e objetivo de depois ir atrás de um regalo que combine mais com o seu momento.

Comemoramos a entrega, mas não sucumbimos a uma dissimulação mantendo pertences decorativos e sem serventia. Prevalecem a minha intenção, o meu gesto, a minha lembrança, não importando os resultados. Existe uma noção distorcida do amor como telepatia, e impomos as nossas tendências, manias e modas como se fossem uma regra absoluta e inviolável. Forçamos uma aceitação incondicional, ainda que o outro precise engolir a frustração.

Não aceitamos não acertar de primeira, confiando na adivinhação como forma de consolidar afetos. Feliz de quem tem a capacidade de declarar a contrariedade e mais feliz ainda quem a aceita, não a interpretando como prova de ingratidão. Não vejo nenhum dissabor em desejar conferir a diversidade de opções, em ter dúvidas, em tirar a teima, em saciar a curiosidade, em perceber a falta de necessidade do mimo e procurar um mais útil.

Se hoje não fico envergonhado, só me sinto pobre, numa recomposição dos meus sentimentos. Porque sempre que a esposa e os filhos vão trocar um presente que dei, são obrigados a pagar a diferença no balcão. Ambicionam um produto muito mais caro do que o meu investimento. Ofereci apenas a metade do valor. Minha iniciativa se reduziu a uma primeira parcela, a um adiantamento simbólico.

Acho que eles buscam me sinalizar que ando avarento. É uma nova charada. Tentarei decifrar a mensagem até o próximo Natal.

CARPINEJAR

26 DE DEZEMBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

OPINIÃO DA RBS

Avanços na economia

Ainda que o orçamento da União para o próximo ano tenha sido aprovado com cortes no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e aumento exagerado de verbas para emendas parlamentares e para o fundo eleitoral, o acordo entre o governo e o Congresso para a aprovação do texto consolida uma visão mais otimista do país em relação à economia. 

Neste final do primeiro ano do terceiro governo Lula, a condução da economia se destaca como principal fator positivo, apesar de incômodos arroubos populistas do presidente da República por mais gastança. Com serenidade e discrição, porém, os ministros da área estão promovendo avanços inegáveis, que apontam para o crescimento econômico sem perda do controle da meta inflacionária e com a redução gradual dos juros. Contabilizam neste período pelo menos duas grandes conquistas: o arcabouço fiscal e a reforma tributária.

O ano econômico se iniciou num clima de desconfiança, motivado pela polarização ideológica, pelas fragilidades institucionais evidenciadas no episódio de 8 de janeiro e pelas dúvidas a respeito dos indicadores macroeconômicos. Algumas manifestações do presidente Lula sobre o equilíbrio das contas públicas, com viés para gastos sociais sem a devida provisão, só contribuíram para agravar o descrédito. Mas as instituições se fortaleceram depois do ataque aos três poderes e os ministros responsáveis pela área econômica, principalmente Fernando Haddad, investiram fortemente na negociação e no diálogo para dobrar resistências políticas à modernização da economia.

No rumoroso embate entre o governo e o Banco Central, que resistia à pressão pela redução da taxa de juros da economia, o ministro Haddad sempre manteve um tom respeitoso nas divergências com o presidente do Comitê de Política Monetária, Campos Neto. Como consequência, depois de três anos de elevações, a taxa Selic começou a ser rebaixada em agosto e até agora se mantém em queda contínua.

Contribuiu para isso a aprovação do novo arcabouço fiscal brasileiro pelo Congresso Nacional (Lei Complementar 200/23), depois de intensa negociação entre o governo e o parlamento. O novo regime para as contas da União substituiu o teto dos gastos públicos e recebeu o aval do Congresso graças aos compromissos assumidos pelos ministros da área econômica com a responsabilidade fiscal. Esse parece ter sido o ponto de inflexão no ambiente de desconfiança das forças produtivas em relação ao governo. 

A partir daí, os agentes do mercado financeiro começaram a acolher melhor as iniciativas da equipe econômica. Essa melhor sintonia, aliada ao visível esforço de articulação política no sentido de uma revisão de receitas e despesas, sem renúncia ao compromisso com o déficit fiscal zero, representou uma guinada para a confiança.

O próximo grande passo foi a aprovação da reforma tributária. Apesar da manutenção de algumas concessões e privilégios setoriais, a reforma pode ser considerada o maior avanço estrutural da economia brasileira nas últimas três décadas, pois o país deixa de operar com o mais complexo sistema do mundo - um manicômio tributário, na visão do próprio relator do projeto - e adota um novo e promissor modelo. O desafio do governo, agora, é aproveitar o ambiente econômico favorável para implementar o desenvolvimento sem recair em gastanças desnecessárias. O ministro Haddad sempre manteve um tom respeitoso nas divergências com o presidente do Comitê de Política Monetária


26 DE DEZEMBRO DE 2023
MOBILIDADE

Lançamento de pontos de recarga

Um dos maiores obstáculos à expansão dos veículos movidos por eletricidade no Rio Grande do Sul é a baixa disponibilidade de postos públicos de recarga, os chamados eletropostos. Mas, nas últimas semanas, isso começou a mudar e tende a aumentar ainda mais a atratividade desse tipo de carro para os gaúchos. Lançado formalmente neste mês, a chamada Rota Elétrica do Mercosul é uma rede de 10 pontos de recarga rápida - onde o condutor consegue recompor a bateria do veículo em até uma hora.

Distribuídos a distâncias inferiores a cem quilômetros um do outro, os eletropostos fazem parte de um projeto desenvolvido em parceria pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e pela CEEE Equatorial. Por enquanto, os motoristas podem utilizar sem qualquer custo a infraestrutura montada mediante um investimento de R$ 13,8 milhões. Cada ponto de recarga foi erguido junto a um local com estrutura para receber viajantes, como postos de combustíveis ou restaurantes.

- A intenção, hoje, é incentivar o mercado a continuar nessa frente de mobilidade elétrica e também fazermos o nosso dever de casa para, quando o mercado virar de vez, estarmos preparados para atender os clientes - afirma Lucas Pinheiro, do Instituto de Ciência e Tecnologia Equatorial.

Coordenadora do projeto da rota elétrica na UFSM, a professora Alzenira Abaide afirma que a estrutura também servirá como uma espécie de laboratório para estudos de demanda de energia, modo de utilização desse tipo de equipamento, entre outras informações importantes para nortear o futuro da nova rede de abastecimento em solo gaúcho.

- Quando desenvolvemos esse projeto, lá em 2019, não tínhamos estações de recarga rápida e de uso público no Estado. Tínhamos uma rota de leste a oeste no Paraná, algumas estações em Santa Catarina. Hoje, já podemos viajar para Uruguai ou Argentina - compara Alzira.

O empresário Eliseu Cunha Fernandes, 39 anos, tornou-se um frequentador assíduo do eletroposto localizado ao lado da Casa Rural, no km 334 da BR-116, em Barra do Ribeiro. Proprietário de um Haval H6 GT híbrido (elétrico e a combustão) adquirido por R$ 315 mil, deixou de gastar cerca de R$ 3 mil mensais com combustível.

- Quase todas as noites, encosto aqui para recarregar gratuitamente, o que me dá uma autonomia de uns 120 quilômetros só com o motor elétrico. Agora, com a rota do Mercosul, estou planejando fazer a primeira viagem para fora do país, até Rio Branco, no Uruguai - conta Fernandes.

Cobrança

Ainda não há um prazo exato para começar a cobrança na rota do Mercosul. Em pontos comerciais onde já se cobra pela recarga rápida, que geralmente é concluída em menos de uma hora, o preço costuma ficar em torno de R$ 2 por kilowatt (kW). Um carro com bateria de 60 kW, por exemplo, pagaria R$ 120 para "encher o tanque". Mas há opções de carregamento mais vagaroso que podem seguir sendo oferecidas gratuitamente, como em estacionamentos de estabelecimentos comerciais como forma de atrair a clientela. Também é possível que estações "ultrarrápidas", ainda em fase inicial, custem mais caro em razão da comodidade de garantirem carga completa em menos de meia hora.

Em caso de uso urbano, o custo do kilowatt em média costuma ficar abaixo de R$ 1.


26 DE DEZEMBRO DE 2023
ACERTO DE CONTAS

Um supermercado de cada lado da rodovia

Rede de supermercados de Alvorada, a Baita Super investiu R$ 8 milhões para abrir mais uma loja em Viamão, na Região Metropolitana. Ela fica perto da outra, mas no lado oposto da Rodovia Tapir Rocha. A intenção do dono, Jolci Mainard, é atender clientes que estão nos dois fluxos da estrada, indo ou voltando do Litoral.

Inaugurado há dois anos, o primeiro supermercado fica em um complexo comercial e é 50% maior, conta o arquiteto e gerente de projeto da MasterPlann Arquitetura, Eduardo Silva. Já o novo tem 3 mil metros quadrados, sendo mil metros quadrados de área de vendas, e foi instalado onde ficava o supermercado Farosul. Pouco da antiga estrutura foi aproveitado. As obras começaram em outubro e a inauguração ocorreu dias antes do Natal. É a 10ª unidade da rede, com cem funcionários e 60 vagas para carros. A Baita saiu recentemente da Unisuper, após 18 anos integrando a rede.

O que vem por aí

Já o projeto do centro comercial com supermercado de R$ 30 milhões na Avenida Juscelino Kubitschek, em Porto Alegre, noticiado pela coluna, pode sofrer alteração, mesmo já aprovado na prefeitura. Ele está sendo reavaliado a partir da concorrência gerada com a abertura de atacarejos na região.

- Quando compramos a área, o foco era o centro comercial, mas apareceram negócios, como o Stok Center e o Fort Atacadista (que ainda não inaugurou). Depois, ainda abrimos cinco lojas em outras regiões. Em 2024, vamos definir se mantemos o projeto ou também abrimos um atacarejo lá - diz o empresário Jolci Mainard, que pretende inaugurar mais cinco unidades do Baita Super até 2025, além de uma "central de carnes" para abastecer as lojas.

Ela será um espaço de 2 mil metros quadrados construído junto ao seu centro de distribuição, em Alvorada. Com investimento de R$ 4 milhões, a estrutura servirá para fazer diferentes cortes de carnes e produzir hambúrgueres.

GIANE GUERRA

Economia em desaceleração no país

Próximo ano não deverá repetir supersafra e há dúvidas sobre tamanho do déficit fiscal e nível de investimentos de empresas

Na virada do ano, o cenário macroeconômico é marcado por incertezas e expectativas. Sem estimativa de repetir uma supersafra, o que sempre ajuda a turbinar a balança comercial e o crescimento do Brasil, sobretudo no Rio Grande do Sul, onde a dependência da atividade no campo é maior, as projeções apontam para um período de desaceleração.

Entre os fatores apontados pelo economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, está o cumprimento do arcabouço fiscal. O mecanismo que substituiu o teto de gastos, tornando o controle das despesas públicas mais flexível, foi alvo de manobra meses depois de sua aprovação. E, a julgar pelo orçamento aprovado no Congresso, com elevação de recursos para o fundo eleitoral e emendas parlamentares, será difícil que o país não produza novo déficit no próximo exercício, exatamente quando a meta seria zerá-lo.

- Se o déficit para 2024 superar 1%, a coisa se torna mais difícil. Até se pode falar em câmbio estável. E com uma boa safra, que não será recorde, mas estima-se que próxima da de 2023, é algo que pode ajudar. Até agora a gente só viu intenções, mas não metas sendo cumpridas ou a aplicação do consequente mecanismo, em caso de descumprimento - resume.

Apesar de ressalvar que 2023 demarcará o segundo ano consecutivo em que o Produto Interno Bruto (PIB) terá surpresas positivas, o economista, especialista em contas públicas e ex-secretário da Fazenda do Estado Aod Cunha reforça que 2024 antecipa uma redução da atividade.

Reformas

Segundo ele, uma das maneiras de reverter as projeções seria avançar com reformas, a exemplo da tributária, promulgada no último dia 21 de dezembro e que ainda precisará de regramentos. Ele destaca as modificações feitas no passado na legislação trabalhista, fator que aponta como um dos prováveis elementos capazes de manter resiliência no mercado de trabalho no país, a despeito dos últimos solavancos da economia.

- Essas reformas, assim como a autonomia do Banco Central, dão pistas de que possam ter surtido efeitos. Ainda é cedo para confirmar estatisticamente, mas o que se vê é um mercado de trabalho ainda aquecido e muita efetividade no controle da inflação - argumenta.

E é do mercado de trabalho que podem surgir as melhores surpresas para o crescimento, já que o consumo em alta é um dos elementos em que se sustenta o crescimento. Sobre outro fator, nesse caso, o investimento das empresas, pairam temores. Isso acontece porque o nível de resguardo das empresas para aportes futuros tem sido reduzido a cada trimestre e a indústria, setor intensivo em contratações e exportações, enfrenta problemas estruturais ampliados pela diminuição da confiança dos empresários.

RAFAEL VIGNA 

26 DE DEZEMBRO DE 2023
NÍLSON SOUZA

Dia da Lembrança

Não é que tem até isso? No Brasil, o dia 26 de dezembro, mais conhecido como hoje, é celebrado como o Dia da Lembrança. Segundo a tese que justifica a data, é o dia de lembrar coisas boas e ruins num momento de reflexão pós-Natal. Claro que a explicação simplista serve para qualquer dia. Sempre lembramos coisas boas e ruins, mesmo quando queremos esquecê-las.

Mas tem muita coisa que a gente esquece para sempre. Pelo menos é o que dizem os cientistas que se debruçaram sobre o assunto e concluíram que o esquecimento abre espaço nos nossos neurônios para novos conhecimentos. Esquecer, portanto, seria benéfico para os humanos. Com todo respeito à ciência e a todos aqueles que estudam os mistérios do cérebro, tenho as minhas dúvidas. Cada vez que esqueço algo que gostaria de lembrar, gasto um tempão espremendo os miolos e tentando fazer alguma associação de ideias para resgatar o nome ou o assunto evadido.

Nomes são um tormento. Quase sempre que a gente é apresentado a uma pessoa desconhecida acaba esquecendo o nome dela logo em seguida. Por que isso acontece? Vem lá novamente a ciência para dizer que a súbita desatenção se deve ao fato de nos concentrarmos nos procedimentos da apresentação, no aperto de mão, na preocupação em saudar a outra pessoa com palavras gentis, ou de dizer a ela o nosso próprio nome. A novidade, então, se perde no limbo da formalidade. Faz sentido.

Outra situação constrangedora é aquele encontro casual de amigos que não se veem há anos, mas se identificam pelos rostos familiares, pela voz - e pelo pânico de não lembrar:

- E aí garoto, como vai? - costuma dizer o mais eufórico em voz alta e entusiasmada.

Sempre que ouço uma saudação dessas, nem preciso olhar para as figuras que se abraçam para concluir: não são garotos e, muito provavelmente, um esqueceu o nome do outro. Claro que isso também acontece comigo.

Não são poucas às vezes em que eu gostaria de ser, pelo menos por alguns minutos, o célebre personagem do argentino Jorge Luis Borges - Funes, o Memorioso. Irineu Funes tinha uma memória prodigiosa, se lembrava nos mínimos detalhes de tudo o que havia testemunhado em todos os dias de sua vida, mas era incapaz de pensar.

- Pensar - escreveu Borges - é esquecer diferenças, é generalizar, é abstrair.

Neste Dia da Lembrança, lembro desse emblemático conto de Borges para concluir que ler boas histórias estimula o cérebro a funcionar melhor. É o que diz a ciência - e sobre isso acho que eu e você (que chegou ao final desta crônica) concordamos, não é mesmo?

NÍLSON SOUZA

26 DE DEZEMBRO DE 2023
CHAMOU ATENÇÃO

Noel chegou de caminhão

Uma ação solidária de Natal provocou euforia e sorrisos em crianças e adultos na região da Cruzeiro, zona sul de Porto Alegre, na manhã de ontem, 25 de dezembro. Dois caminhões abarrotados de brinquedos percorreram as ruas da área e pararam em pontos estratégicos, enquanto voluntários sobre a caçamba apitavam e o motorista buzinava. Era a senha para a criançada: o Papai Noel chegou.

Os pequenos se aproximavam rapidamente e formavam fila. A alegria aumentava no momento de receber a surpresa: havia bolas, carrinhos, bonecas e jogos. O ápice da felicidade era a hora da foto com o Papai Noel. Os adultos entraram na brincadeira e foram participativos. Eles acenavam das calçadas e janelas de lares e bradavam "feliz Natal".

- É uma alegria imensa. Esse ano eu não tive condições de presentear minha família. Espero que continuem com essa ação. Todo ano esperamos ansiosas - contou Jurema Aguiar Cardoso, 35 anos, que foi até os caminhões com as duas filhas.

Em uma das paradas do caminhão, um homem foi até a calçada e subiu o volume do rádio, bombando um funk. Os voluntários fizeram uma roda junto com o morador e deram início a uma animada sessão de dança.

Solidariedade

Tradicional no bairro, habitado majoritariamente por famílias humildes, a farta distribuição de presentes é realizada há 44 anos pelo Natal Solidário Mariocar. Há três anos, o Leilão Mãos Dadas, integrado por empresas do agronegócio, somou- se à iniciativa.

Tauane Costa Gomes, 29 anos, foi ao encontro da ação social com os filhos. O mais novo, Kauan, três anos, ganhou bonecos. Kauany, oito anos, recebeu uma Barbie.

- Desde pequena eu fico esperando passar. É todo ano - diz Tauane, acostumada desde a infância com a tradicional festa natalina na Cruzeiro.

Thales Silveira, diretor da Lance Rural, uma das organizações envolvidas com o Leilão Mãos Dadas, afirmou que foram adquiridos 5,9 mil brinquedos para serem distribuídos em 23 diferentes ações solidárias em Porto Alegre e Viamão.

Para financiar a iniciativa, o Leilão Mãos Dadas vendeu produtos doados por parceiros. Foram arrecadados R$ 84 mil para a compra dos presentes.

CARLOS ROLLSING

sábado, 23 de dezembro de 2023



23/12/2023 - 09h51min
J. J. Camargo - PALAVRA DE MÉDICO/OPINIÃO

Quando é sempre Natal

Nada contrasta mais com o espírito da data do que a solidão, trágica em qualquer idade e inconcebível na infância. Naquele dia, ele entendeu por que Papai Noel parece sempre tão feliz. "Para os corações generosos, os sinos podem ser dispensados, porque o Natal acontece todos os dias." (Milton Meier)

Se o Natal não for mais do que o reencontro de familiares que não se visitaram durante o ano, alguma coisa está mal-entendida ou desperdiçada. Mesmo que por agnosticismo se abstraia aspecto religioso, e se pretenda ignorar o simbolismo do Natal, há nesta data muito mais encanto do que a euforia das crianças à espera dos presentes e do riso disfarçado dos avós, antevendo a alegria dos netos ao descobrirem o quanto são amados.

Só essas reações triviais já bastariam para justificar as comemorações, as ruas iluminadas, os cartões generosos, a mesa farta e os abraços sacudidos. Mas algumas pessoas (e que bom que elas existem) extrapolam os limites do rotineiro e revelam, de maneira original, sentimentos cultivados, como se estivessem aguardando o ano inteiro para anunciar: "Oi pessoal, vejam só, eu estou aqui!". 

Carlos Ari, um médico carioca, cumpria naquele 24 de dezembro uma tradição de mais de 20 anos. Confessara aos amigos que nada o encantava mais do que, na véspera de Natal, subir o morro da favela, carregado de presentes e vestido de Papai Noel. No resto da descida, o suor ganhou a companhia das lágrimas escorrendo pelo seu rosto sorridente.

Naquele ano, numa tarde de calor infernal, mais velho, fôlego curto e cada vez mais parecido com Papai Noel, ele fez várias paradas na subida para recuperar o ar, mas quando chegou ao topo e abriu o saco dos presentes, o sorriso da garotada lhe dissipou o cansaço.

Terminada a comemoração, de alma lavada, iniciou o caminho da volta. A descida lhe favorecia a marcha, mas ele continuava suando muito quando foi interrompido pelo chamado insistente de um garoto, que gritava: "Papai Noel! Papai Noel!". Um pouco irritado, perguntou: "O que você quer, menino? Eu não tenho mais presentes!". E o garoto completou: "Desculpe, Papai Noel, eu só queria mandar lembranças pra Deus!".

No resto da descida, o suor ganhou a companhia das lágrimas escorrendo pelo seu rosto sorridente. Naquele dia, ele entendeu por que Papai Noel parece sempre tão feliz. Em contrapartida nada contrasta mais com o espírito do Natal do que a solidão, que é trágica em qualquer idade e inconcebível na infância.

Segundo Galeano, Fernando Silva dirigia um hospital infantil na Nicarágua. Na véspera de Natal, ficou trabalhando até muito tarde. Já estavam soltando foguetes e começavam os fogos artificiais a iluminar o céu quando Fernando decidiu ir embora. Em sua casa, o esperavam para festejar. Fez então uma última visita às enfermarias, vendo se tudo estava em ordem, quando sentiu que alguns passos o seguiam. 

Uns passos de algodão: voltou-se e descobriu que uma das crianças andava atrás dele. Na penumbra, o reconheceu. Era um menino que estava só. Fernando identificou seu rosto já marcado pela morte e aqueles olhos que pediam desculpa ou, talvez, pedissem permissão. Fernando se aproximou, e o menino o tocou com a mão, implorando. "Diga a...", sussurrou o menino, "Diga a alguém que estou aqui...".

No desespero, não há consolo maior do que saber que, em algum lugar, há alguém. Por nós. 


21/12/2023 - 15h55min
BRUNA LOMBARDI

Tudo bem se a gente não conseguir resolver tudo

Tá na hora de compreender que a gente precisa e merece descansar de verdade. Eu tentava aproveitar o tempo livre pra organizar o maior número de coisas, de gavetas a arquivos de computador.

Dizem que só o Papai Noel é que tem saco pro Natal, mas eu sempre adorei essa época do ano com suas milhares de luzinhas e um clima de festa no ar. Tudo isso acompanhado da sensação da reta final de uma maratona tão exaustiva, que a gente chega rastejando nos últimos metros. E ainda consegue usar aquele resto de energia pra comemorar, num misto de exaustão e euforia.

Quer saber? Esse ano eu resolvi mudar. Fui percebendo com mais clareza o tamanho da minha autocobrança, minha mania de querer resolver todos os problemas, minha ilusão de controlar se tudo está dando certo e assim por diante. Aí parei e percebi que, mesmo super cansada, eu acabava levando trabalho pra terminar durante as férias. Ou pelo menos o que eu chamava de férias. Um aparente período de descanso, onde eu me enganava e tentava aproveitar o tempo livre pra organizar o maior número de coisas, de gavetas a arquivos de computador, tentando deixar todas as entregas prontas e ainda programar o cronograma do que ano seguinte.

Não dá. Isso não são férias, né gente? Nossa tentativa de controle nos faz sofrer por antecipação, e essa é a raiz da ansiedade. Esse quadro sempre vai gerar frustração e a impossibilidade de corresponder às nossas expectativas.

Pra desejar um super Feliz Natal pra vocês, quero dizer tá na hora de medir o tamanho do nosso cansaço. Tá na hora de compreender que a gente precisa e merece descansar de verdade. Que a gente não pode querer resolver tudo nem deixar que uma autocobrança terrível faça parte de nossa personalidade. Porque na verdade nós não vamos mesmo dar conta de tudo. E tudo bem.

A gente tenta o melhor, mas tem que ser por prazer. Nada pode ser obrigação, porque quando a gente se obriga o peso aumenta. E é bom entender que não existe possível controle. Existe o prazer de estar em sintonia com o Universo, produzindo e criando acontecimentos, através das nossas escolhas e do cuidado que temos com o que nos cerca.

Nossa tentativa de controle nos faz sofrer por antecipação, e essa é a raiz da ansiedade. Esse quadro sempre vai gerar frustração e a impossibilidade de corresponder às nossas expectativas.

É bom perceber que ao invés da rigidez do controle podemos acreditar no fluxo das coisas e deixar fluir. Como quando estamos no mar e compreendemos que o maior desgaste e cansaço vem justamente de tentar lutar contra a correnteza. Somos mais felizes e bem sucedidos se aproveitamos as ondas a favor e permitimos que docemente nos levem.

O poder que temos é estar presentes no momento, no agora, vivenciando cada instante com tudo o que ele nos traz. Respeitar o que nos dá prazer, o que nos traduz em cada etapa da vida.

Se você deseja um Natal enfeitando a casa, montando sua árvore e reunindo a família pra compartilhar muita comida, seja feliz e deixa rolar.

Se sua opção é fugir do Natal e se esconder em algum lugar pra realmente descansar, faça isso com prazer.

Que seu Natal seja muito feliz com o que você quiser.



23/12/2023 - 09h00min
Claudia Tajes

John Lennon mirou no fim da Guerra do Vietnã e acertou no peru com arroz à grega

Você sabe que acabou-se o que não necessariamente foi doce quando entra nas lojas e supermercados e músicas natalinas estão tocando em looping

Natal sem sinos e guizos: que tal dar livro de presente?

Você sabe que acabou-se o que não necessariamente foi doce quando entra nas lojas e supermercados e músicas natalinas — nos piores arranjos jamais cometidos por um arranjador — estão tocando em looping. Tlintlin-tlin-tlin-tlin-tlin.

Música de Natal tocando sem parar no comércio significa que o ano já era, meu chapa, minha chapa. E que antes de pular as sete ondinhas — metaforicamente, que seja — você vai ter que ouvir muito sino, muito guizo, muita harpa, muita trombeta. Tlintlin-tlin-tlin-tlin-tlin.

Chegou o 30 de novembro? Pimba. Os gerentes abrem a gaveta de enfeites de Natal e tiram de lá o pendrive com a coleção que vai embalar os clientes até a última venda do dia 24 de dezembro. O clássico dos clássicos: Então é Natal — e Ano Novo também, canta Simone há décadas, como se a gente ainda não tivesse entendido.

Então é Natal, a versão brasileira de Happy Xmas, a música em que John Lennon mirou no fim da Guerra do Vietnã e acertou no peru com arroz à grega de todas as famílias cristãs ao redor do planeta.

Isso sem falar nos temas instrumentais que não saem dos alto-falantes do varejo, machucando os ouvidos mais sensíveis — e, às vezes, as almas, por trazerem recordações nem sempre tão boas.

Jingle Bells. Bate o Sino Pequenino. Noite Feliz. Sapatinho de Natal. A trilha do Banco Nacional, que faliu, mas deixou como legado música natalina mais bonita de todos os tempos. "Quero ver você não chorar/ Não olhar pra trás/ Nem se arrepender do que faz." Bem verdade que isso não inclui quem investiu no banco.

De todas, a trilha mais inadequada para um cliente em compras é Eu Pensei que Todo Mundo Fosse Filho de Papai Noel. Você lá, gastando mais do que pode para presentear seus filhos e sendo lembrado de que muita criança não vai ter Natal. Dá vontade de desistir de tudo, mas o que dizer para os seus filhos?

Uma prática que tenho considerado bastante cruel é música de Natal tocando no Uber. No supermercado você consegue reagir, corre pelos corredores, não entra na fila da padaria, deixa para trás metade dos víveres e escapa. No Uber, impossível. Você está preso com os sinos, os guizos, as harpas, as trombetas. E se pedir para o motorista baixar o volume, periga tomar uma estrela só na avaliação.

Pode parecer mau humor, e é, mas meu desejo de Natal é que dezembro chegue sem o tlintlin-tlin-tlin-tlin-tlin que toma conta do comércio.

Se der para vir junto a paz no mundo, aí vai ser o melhor Natal da história.

Então seguem aqui algumas com a certeza de que livro é sempre um presentão. Tem a Baleia, linda livraria itinerante; a Taverna, maravilhosa na Casa de Cultura Mario Quintana; a Pocket Store, charmosa como só ela na Félix; a Bamboletras, o templo da Venâncio; a Cirkula, a Londres e a Traça, muito de tudo na Osvaldo Aranha; a Paralelo 30, cheia de graça na Vieira de Castro; a Calle Corrientes, tudo em língua espanhola; a Isasul, com educação e literatura; a Via Sapiens, na Cidade Baixa; o Beco dos Livros e suas lojas no centro da cidade; as novíssimas Clareira, na Henrique Dias, e Gato Preto, em Ipanema; a Pandorga, mais bonita de Canoas. Fora todas as outras. E o melhor: todas sem tlintlin-tlin-tlin-tlin-tlin.