sábado, 25 de novembro de 2023


25 DE NOVEMBRO DE 2023
FLÁVIO TAVARES

É DIFÍCIL APRENDER?

Existem advertências que devemos repetir sempre e sempre para que o mal não seja tido como normalidade ou algo a suportar. Tenho escrito aqui sobre a crise climática que, entre outras coisas, explica as últimas enchentes que o Estado suportou e que nos recordaram a cheia de 1941, que inundou boa parte da Capital.

Naquela época, a ciência ainda não tinha ido ao fundo do problema e desconhecia as mudanças climáticas e o que elas provocam. Hoje, porém, esquecemos até os números que nos alertam e advertem, como se fosse difícil aprender. O paradoxo é que nos portamos como pedra muda que não escuta, não percebe, não raciocina nem entende.

Sou apenas um jornalista preocupado com a crise climática e, assim, repito a visão do geólogo Rualdo Menegat, professor da UFRGS e respeitado mundialmente: "A chuva intensa foi a causa principal, mas há agravantes derivados da geomorfologia da bacia hidrográfica, além do mau uso do solo nas cabeceiras e ocupação das áreas ribeirinhas".

Vai adiante e explica que "os cursos d´água que afluem ao Lago Guaíba e parte final do Rio Jacuí (como Antas, Caí, Taquari, Sinos e Gravataí) nascem no Planalto e despencam até as zonas mais baixas em alta velocidade".

"Tudo se agrava" - continua o geólogo - "com o desmatamento junto a rios e arroios, ao qual se soma a destruição dos banhados das cabeceiras, aumentando o volume e a velocidade do escoamento".

Chegamos assim aos alagamentos do cais dos Navegantes na Capital (impedindo a exportação e importação de artigos ou produtos da vida diária) e à inundação quase total das ilhas do Guaíba e de cidades da área metropolitana.

A contínua urbanização de áreas rurais arrasa bosques que "são um dos principais reguladores dos ciclos da chuva", como observava nosso grande José Lutzenberger.

Indago: será difícil aprender com a realidade?

A eleição de Javier Milei na eleição presidencial da Argentina é preocupante por ele representar uma extrema direita enlouquecida que, sem alvo, atira para todos os lados.

Em um aspecto, sua vitória sobre o atual ministro da Economia (ao ser produto da hiperinflação) recorda o triunfo de Hitler na Alemanha em 1933. Na Argentina, a inflação chegou a quase 200%. Na Alemanha ia além disso, e se dizia que, para comprar um pão, levava-se o dinheiro num carrinho de mão?

Jornalista e escritor - FLÁVIO TAVARES

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