domingo, 26 de março de 2023


25 DE MARÇO DE 2023
MARÇO LILÁS

PREVENÇÃO AO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO

VACINAÇÃO, EXAMES E USO DE CAMISINHA PODEM EVITAR A DOENÇA

Consultas e exames ginecológicos preventivos acompanham as mulheres por toda a vida. Uma das ameaças mais conhecidas, tema da campanha de conscientização Março Lilás, é o câncer de colo de útero. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer, ligado ao Ministério da Saúde, é de que surjam 17 mil novos casos da doença no Brasil em 2023.

O colo do útero é a parte do útero que fica dentro da vagina (o restante se localiza na pelve). O câncer nessa região é provocado pela infecção persistente de alguns tipos de papilomavírus humano (HPV, a partir da sigla em inglês), capazes de infectar pele e mucosas. São mais de 200 tipos (cepas) de HPV, mas os oncogênicos, ou seja, aqueles que podem provocar câncer, restringem-se a 12. O HPV também pode causar tumores em outros locais, como vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca.

A boa notícia é que se pode prevenir a doença. Disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, a vacina contra o HPV deve ser tomada por meninas e meninos de nove a 14 anos. Pacientes imunossuprimidos, com alguma deficiência no funcionamento do sistema de defesas do organismo, estão em faixa etária mais ampla para a imunização nos postos de saúde: de nove a 45 anos. Clínicas privadas também dispõem da vacina, e acaba de chegar à rede particular a dose nonavalente, contra nove tipos do vírus.

- Tem vários tipos de HPV, nem todos provocam câncer. E nem sempre a mulher que tem contato com o HPV terá câncer. Pode ter HPV e nunca ter câncer. Aí que vem a prevenção - explica Fernanda Niederauer Uratani, ginecologista e obstetra da Santa Casa de Porto Alegre e membro da diretoria da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do RS e da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia - Capítulo RS.

Geraldine Eltz de Lima, oncologista do Hospital São Lucas da PUCRS e do Grupo Oncoclínicas, complementa:

- Cerca de 80% das mulheres já tiveram contato com o HPV. Todo mundo na vida vai ter algum contato. Em casos rápidos, você contrai o HPV, o organismo o combate e você fica livre do vírus, sem saber. O homem tem menos sintomas, geralmente nenhum, e a mulher desenvolve verrugas.

Sintomas e tratamento

A ampla vacinação é fundamental, somada a outros dois pilares da prevenção: exames de rastreio e uso de camisinha. Nas consultas anuais ao ginecologista, as pacientes passam pela coleta do papanicolau, que localiza lesões pré-malignas.

- É possível tratar as lesões para que não virem câncer - aponta Fernanda.

O papanicolau deve ser feito a partir dos 25 anos e até os 65, anualmente. Se a paciente chegar a três resultados negativos consecutivos, a coleta pode ser feita a cada três anos. Mulheres imunocomprometidas devem manter o rastreio anual. A consulta de revisão ao ginecologista precisa ser mantida, mesmo com resultados negativos.

Se a biópsia das lesões no colo de útero indicar câncer, o ginecologista pode solicitar um check-up completo da paciente ou encaminhá-la para um oncologista. O objetivo é verificar se a doença se disseminou para outras partes do corpo. No caso de a doença estar em fase bem inicial, o ginecologista, se habilitado, pode fazer a retirada cirúrgica da porção comprometida.

Tudo dependerá de avaliação individual. Em geral, quando o câncer está um pouco maior, pode ser necessária a histerectomia, que é a retirada do útero. Se a paciente deseja ter filhos, tenta-se preservar o órgão, o que nem sempre é possível. Há também tratamento com radioterapia e quimioterapia.

Os sintomas variam conforme o estágio da doença. Em geral, lesões muito pequenas não apresentam sinais. Se houver algum, já é indício de que a doença avançou. O principal, diz Geraldine, é o sangramento vaginal, levando a paciente a acreditar que seu fluxo menstrual mudou. Também pode ocorrer secreção vaginal com muco e cheiro diferentes, além da presença de sangue. Outros possíveis sinais são sangramento ou dor durante a relação sexual, dor pélvica persistente ou recorrente.

 LARISSA ROSO

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