sábado, 3 de outubro de 2015



03 de outubro de 2015 | N° 18313 
NÍLSON SOUZA

HOMENS VERDES


Tudo bem, tem água lá, mas não me convidem para passar as férias de verão em Marte. Estou fora. Viagens longas não me atraem. São 226 milhões de quilômetros, e a previsão, com a tecnologia disponível atualmente, é de que uma nave levaria de seis a nove meses para percorrer a distância entre a Terra e o planeta vizinho. Prefiro ver o filme, ler o livro e ficar olhando daqui mesmo aquela estrelinha avermelhada que não pisca. Mas reconheço que o planeta enferrujado fascina, e como fascina!

É impressionante como a humanidade viaja (no sentido figurado, de sonhar, imaginar, cismar...) quando se fala em vida fora da nossa Terrinha. As recentes notícias sobre a descoberta de córregos gelados no solo marciano tiveram audiência planetária, inundaram os veículos tradicionais de imprensa e as redes sociais. As águas de Marte e os marcianos imaginários também viraram charges, memes e gozações de todo tipo. 

Nossos inspirados chargistas produziram duas das mais divertidas: Iotti publicou um desenho em que aparecem dois homenzinhos verdes pescando num riacho, visivelmente contrariados com a presença de um robô de observação terráqueo; e Marco Aurélio imaginou os mesmos personagens verdinhos estacionando um disco voador para vender garrafões de água mineral marciana. Se o planeta é vermelho, por que seus habitantes seriam verdes? Invenção do escritor norte-americano Edgar Rice Burroghs, criador de Tarzan. Pegou.

Temos uma velha cisma com Marte, planeta historicamente apontado por cientistas e ficcionistas como provável base para uma invasão à Terra. Duvido que atualmente os verdoengos queiram desembarcar em algum ponto da nossa conflagrada superfície, mas marcianos e marcianitas já causaram terror e euforia por aqui, tanto no tempo do rádio pré-histórico quanto nos Carnavais de antanho. Talvez por isso, cada vez que surge uma informação nova sobre a possibilidade de vida por lá, ainda que microbiana, entramos em surto.

Para não ficar de fora dessa piração, entro na onda pela lógica simplista dos meus antepassados lusitanos. Se há água, ainda que gelada e salgada, pode mesmo haver vida. Talvez até haja vida inteligente – o que seria um belo exemplo para nós. Como temos excursões agendadas para o Planeta Vermelho, em breve saberemos. Só espero que, por enquanto, os homens verdes não nos desafiem para um jogo de futebol interplanetário.

Afinal, Messi está lesionado.

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