segunda-feira, 29 de agosto de 2011



29 de agosto de 2011 | N° 16808
PAULO SANT’ANA


Três pênaltis, pra valer um!

O meu personagem do Gre-Nal, o meu herói do Gre-Nal, não estava em campo, mas ninguém esteve mais dentro do campo, em todos os lugares, do que ele.

O meu herói do Gre-Nal e do grande passo que o Grêmio deu ontem para fugir do rebaixamento foi indiscutivelmente Celso Roth.

Ele ontem quase virou ídolo da torcida tricolor. Por sinal, torcida que levou para o estádio ontem uma grande bandeira com meu nome e com minha fotografia. E dizer que para fazer a volta olímpica no estádio tenho que pedir autorização do incompetente de plantão, o que por sinal nunca me foi negado. Também pudera.

Obrigado, torcida tricolor, por esta homenagem quase póstuma que me prestou ontem.

Mas o meu assunto é outro, é sobre o herói do Gre-Nal, Celso Roth. Ele tirou do seu caldeirão de feiticeiro um avatar mágico, Escudero. Escudero foi a grande arma gremista para a legendária jornada de ontem. E ninguém esperava que Escudero fosse brotar e jorrar do caldo melífluo dos neurônios de Celso Roth, inundando o estádio e o Rio Grande inteiro do legítimo, incomparável e imortal orgulho tricolor.

Já cantei o meu herói. Mas aqui na redação de Zero Hora, na semana passada, um dos meus melhores amigos de jornalismo, Zini Pires, depois de o Grêmio ter perdido para o Atlético Goianense, o Zini me atirou na cara que eu apoiara a contratação de Celso Roth.

Doeu-me muito, mas esta dor ontem à tarde se transformou em orgasmo. Eu não sabia e não aceito, mas o Zini disse na minha cara que Celso Roth no Grêmio era obra minha. Vê-se agora que foi obra divina.

Roth deixou sempre dois gremistas a cuidar de Leandro Damião. Um marcava e o outro ficava ao lado, de soslaio. Com isso e com Escudero, Celso Roth tornou o Internacional irreconhecível em campo. Eu reconheci desde o primeiro minuto o Grêmio imortal em campo durante os 94 minutos.

Gremistas de todo o RS, ouçam-me. Onde é que vocês, gremistas, poderiam ler que foi preciso haver três pênaltis na área do Internacional para o árbitro cobrar só um? Onde, gremistas, vocês leriam esta esplêndida verdade? Só aqui nesta abençoada coluna que Deus me deu para eu ser justo.

Mais do que a vitória no Gre-Nal em si, ela encerrou um grande outro significado: o Grêmio distanciou-se relativamente da zona de rebaixamento, ainda mais que temos de enfrentar no próximo jogo o Corinthians, em São Paulo. Ainda não está afastado o perigo.

Pelo menos chega de perder Gre-Nal e títulos no Olímpico! Chega! Chega!

Marquinhos foi decisivo para os seis pontos que o Grêmio alcançou contra o Fluminense e no Gre-Nal.

E que coisa incrível é este fenômeno chamado Índio. Pois não é que ele, no auge da sua velhice, conseguiu ontem embarafustar-se por toda a área gremista e fazer aquele gol incrível que deixou a nós, torcedores gremistas de todo o planeta, mudos e inertes!

E é estranho que a torcida gremista praticamente não tivesse acreditado que poderia haver uma vitória tricolor: só houve 23 mil pagantes, quando eram esperados 40 mil.

Como eu tenho sofrido nos últimos meses! Mais ainda que com minha doença, tenho sofrido com o Grêmio. E a vitória de ontem foi um bálsamo para o meu sofrimento.

Como é delicioso iniciar uma semana debaixo de uma vitória no Gre-Nal, que coisa boa, que imensa felicidade nos invade e nos sossega. E nos faz acreditar que Deus reserva ainda doces refrigérios para a nossa existência sofrida.

Se o Grêmio conseguir um empate contra o Corinthians, então isso será tudo que pedimos ao destino.

Pode parecer também estranho que minha meta e a de todos os gremistas seja apenas fugir do rebaixamento, deixamos de ser aquele clube que sempre foi candidato a campeão.

Mas cada um com a sua meta, o que interessa é a meta.

E o Gre-Nal foi interessantíssimo para nossa meta.

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