terça-feira, 5 de abril de 2011



05 de abril de 2011 | N° 16661
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


Reunião de família

Elas vieram de muitos lugares, alguns distantes como a Alemanha. Elas se parecem no modo de olhar, de sorrir, de dividir sua beleza, especialmente as moças. São todas pessoas que participam de um almoço, num dos restaurantes do Menino Deus, de celebração de sua irmandade. Castanhas, loiras, queimadas do sol de verão, compartilham de um dom em comum.

São todos, homens e mulheres, crianças e adolescentes, netos bisnetos ou trinetos de Angelina Salzano Vieira da Cunha – aliás fotografada em um quadro que a reproduz no auge de sua beleza.

Viemos todos das mesmas origens: Pedorido, no norte de Portugal, Nocera Superiore, na Itália, mais os vastos domínios do Duque de Medinacelli, na Espanha. Viemos todos por nossos caminhos, ao longo dos séculos, para formar uma família que se renova, como podia ser visto na festa, organizada por minha prima Paula.

O mais surpreendente foi o modo com que, apesar da maioria de nós viver distanciada, ao nos reencontrarmos foi como se nos víssemos todos os dias. Não havia separação alguma.

O convívio foi retomado como se nos encontrássemos a cada instante, com uma naturalidade e uma espontaneidade que desconheciam ausências. É claro que sentimos a falta dos que já partiram, mas o dia era de celebração e não das perdas do caminho. Para estas resta nossa lembrança e nosso afeto.

Poucas festas terão sido tão fotografadas. Como hoje cada pequeno telefone celular é uma máquina múltipla de imagens, restaram centenas de registros de uma convivência num sábado outonal e chuvoso, mas pleno de ternura.

Daqui a 10, 20 anos, reviveremos cada instante do reencontro, da reunião de família em um almoço que se prolongou muito além das quatro da tarde.

E nos reveremos com o jeito de ser e a idade que hoje temos, sem nostalgia, mas com infinita saudade.

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