terça-feira, 9 de março de 2010



09 de março de 2010 | N° 16269
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


Uma simples matéria

Sou vizinho do Palácio, da Catedral, da Assembleia (da nova e da antiga, que renasce), do torreão do Ministério Público, do Theatro São Pedro, do Solar dos Câmara, mas nada me orgulha mais do que a proximidade das árvores que me cercam. Só aqui destas sacadas vejo três parques: o da Praça da Matriz, o do Visconde e o dos Chaves Barcellos.

Sucede que, nesta antevéspera de outono, nenhum deles começou a desnudar-se. Mesmo esta paineira, que me faz companhia ao norte, nunca esteve mais exuberante do que neste março. E os jacarandás da Rua João Manoel surgem no esplendor de sua idade adulta.

É tudo que sei, mas pouco. Pego a enciclopédia mais próxima e ela me explica que árvore é um vegetal lenhoso de grande porte, cujos ramos inferiores logo caem, vindo a formar-se um caule simples, também chamado de tronco, que se ramifica na parte superior, formando uma copa. É o mesmo livro que me informa que a disciplina biológica que estuda as árvores, ou melhor, que se ocupa de seu cultivo, é a dendrologia.

Dendrologia? Não preciso dessa palavra difícil e algo pretensiosa para admirar as árvores que sempre me cercaram. Quando viajava pelos Estados Unidos e pelo Canadá, me encantava com os álamos brancos, com os olmos americanos, com o carvalho, com o bordo doce. Quando os caminhos me levavam por estes Brasis, me fixava nas seringueiras, nos buritis, nos babaçus, nos jeribás.

Parece muito? Não é nada. No primeiro domingo deste mês visitei uma dessas florestas urbanas que povoam Porto Alegre. E sabem o que mais? Não sabia nem sombra dos nomes das árvores que me cercavam.

Eram belas, eram esplêndidas, mas eram desconhecidas.

Foi aí que me surgiu uma ideia, que deixo aqui de graça para as autoridades imperantes.

Por que não incluir nos currículos das escolas fundamentais e médias uma simples, modesta matéria que ensine aos estudantes os nomes das árvores que os rodeiam? Por que não ensinar a identidade dos pássaros que as frequentam? Por que não transmitir a carteira de identidade das flores que as enfeitam?

Pois esse é o tipo de sabedoria que gera sombra e distribui beleza.

Uma excelente terça-feira para vc. Aproveite o dia.

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