sábado, 20 de junho de 2009



21 de junho de 2009
N° 16007 - MARTHA MEDEIROS


Brrrrrr, o inverno de novo

HOuve uma época em que eu perdi totalmente o juízo: acreditava que o inverno era a melhor estação do ano. Repetia à exaustão: ah, nada como lindos dias ensolarados e a temperatura nunca acima dos 13 graus. Todo mundo tem o direito de surtar de vez em quando.

Hoje afirmo categoricamente: por mim, o inverno poderia durar uma semana. Ok, duas semanas. O suficiente para tomar uma bela sopa, acender a lareira, dar um pulo em Gramado, tomar chá, quentão, vinho tinto e usar todos os cachecóis e botas que nos deixam tão elegantes.

O melhor do inverno está nas páginas do caderno DonnaZH de hoje: a moda. Fora isso, não tenho visto grande vantagem em ele durar intermináveis três meses – aliás, mal consigo imaginar como seria viver num país onde ele dura quase o ano inteiro.

No inverno, os dias são mais cinza. Há nevoeiros. Os voos não decolam de manhã cedo. É uma praga levantar antes das sete para trabalhar ou para levar os filhos à escola, ou ambos. Ainda está escuro lá fora. Tem coisa mais deprimente do que abrir a janela do quarto de manhã e ainda ser noite?

A maldita da rinite não nos larga. A umidade penetra nos ossos. Fresta na janela é espirro na certa. Dá preguiça de tirar a roupa para tomar banho. E quando a gente tira e se olha no espelho, surpresa: engordamos. Sem falar na pele desbotada. Foi-se a marca do biquíni. O nome disso é inverno.

Que saudade de acordar bem cedo com a cidade já acordada, de não passar frio, de colocar qualquer vestidinho com uma sandália rasteira e estar preparada para o dia. Comer mais salada, mais frutas, tomar mais líquidos, caminhar mais pelas ruas, ir ao clube, aos parques, passar alguns finais de semana na praia, praticar mais esporte, ganhar um bronzeado saudável.

Não conheço melhor regulador do humor. Do bom humor. A vida fica mais colorida, mais leve, e os dias mais longos: quem é que está a fim de que o tempo passe ligeiro? Concordo, mormaço é chato também, ficar suando não é nada agradável, mas como sou friorenta de nascença, nada disso me incomoda.

O inverno mal começou e eu já quero vê-lo pelas costas. Sei que é a estação mais sofisticada, mais civilizada, a preferida das cabeças pensantes, dos intelectuais. É muito mais chique gostar do inverno. O verão é vulgar, dizem.

Concordo. Mas estou disposta a devolver minha carteirinha de “mulher chique, civilizada, pensante”. Podem me expulsar dessa turma. Quero jogar frescobol na beira da praia, quero estar perto do mar, quero usar menos roupa, quero pegar sol, quero tomar caipirinha, quero todos os pecados tropicais.

Minha estação preferida? Sendo absolutamente sincera, são as de transição: outono e primavera, sem extremismos, um pouquinho de frio e calor na medida certa. Mas se é pra radicalizar, verão toda vida. E torçamos para que eu não esteja em surto de novo.

Um ótimo domingo, este que marca a entrada de mais um inverno e o fim de um outono nem tão alegre eu diria.

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