sábado, 8 de julho de 2017



08 de julho de 2017 | N° 18892 
PIANGERS

Crime e castigo

Fiquei sem palavras quando me disseram que castigo era algo não recomendado para crianças. Gente, eu preciso que as minhas filhas me obedeçam!, foi o que eu pensei. O castigo é uma ótima forma de resolver tensões. Se a mais velha responde de forma mal-educada, perde o celular. Se a mais nova se recusa a tomar banho na hora certa, fica sem televisão. Com uma frase mágica, vai ficar de castigo, as meninas se ajeitavam e me obedeciam na hora. É ótimo! É prático! Por favor, não me tirem o castigo!

Já nos tiraram tantas coisas! A palmada, as escolas focadas em conteúdo, os iPads, os desenhos nas manhãs da Globo. Não me tirem mais esta ferramenta para terceirizar a educação dos meus filhos e me abster da responsabilidade de conversar com eles. Por favor, não!

Foi mais ou menos o que senti quando me disseram que castigo é algo ruim para as crianças. Me explicaram calmamente que, quando castigamos uma criança, ela se comporta pelo motivo errado: em vez de entender o que fez de errado e nunca mais repetir, finge estar arrependida apenas para não ser mais castigada. E volta a fazer errado, porque acha que está certa. E, o pior, faz errado escondido, para não ser castigada.

Dureza, senhores. Estes cientistas que fazem pesquisas comportamentais com crianças estão aqui apenas para complicar nossas vidas. Isso é fato!

Fui posto à prova no domingo passado. A de cinco anos chorava porque um primo tinha pego sua bicicleta. Chorava indignada, alto, daqueles choros que constrangem os pais em público. Minha vontade era enfiar a menina no carro e deixá-la lá por cinco minutos (uma vez me disseram: “um minuto de castigo para cada ano de idade”). Resolvi ouvir os cientistas. Evitei o castigo. 

Fui até a menina chorona, me abaixei, ouvi o que ela tinha pra me dizer, expliquei que eu também ficaria muito irritado se fosse comigo. Ela se acalmou. Nos abraçamos. Disse que fosse até o primo explicar que a partir dali cada um brincaria por cinco minutos com a bicicleta. Um pouco pra cada um. Ficou tudo certo no final.

Criar filhos está cada vez mais complicado. Só não me digam que Peppa Pig faz mal, pelo amor de deus.

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