sábado, 20 de agosto de 2011



20 de agosto de 2011 | N° 16798
NILSON SOUZA


Escrito na Lua

Oprograma Espaço Aberto, da Globo News, apresentou dia desses uma interessante entrevista com o último homem a pisar na Lua, o astronauta norte-americano Eugene Cernan, que está com 77 anos. Ele foi questionado pelo apresentador e também por quatro crianças brasileiras, que haviam lido previamente sobre sua história.

Uma delas lembrou que na ocasião – comandando a Apolo 17, em 1972 –, ele deixara gravado em solo lunar o nome de sua filha. E perguntou-lhe:

– O que o senhor escreveria se voltasse lá agora?

O velho astronauta pensou um pouco e respondeu que deixaria exatamente uma mensagem para as crianças de hoje:

– Sonhe o impossível. Depois, vá lá e faça!

As pegadas de Eugene Cernan no solo arenoso do satélite terrestre, onde ele e seu companheiro Harrison Schmitt permaneceram por 22 horas, já devem ter-se apagado. Ele foi o 12º terráqueo a andar por lá. Depois, ninguém mais pisou na Lua, por puro desinteresse das autoridades e dos cientistas, provavelmente porque os exploradores não encontraram petróleo, nem ouro, nem qualquer outra substância valiosa para a insaciável ambição humana. Desistimos da Lua, mas não de buscar novidades longe de casa.

Enquanto as naves robotizadas percorrem o espaço à procura de outros mundos mais promissores, os Estados Unidos acabaram de recolher para a garagem o ônibus espacial, para desgosto do velho astronauta, ainda saudoso da sua proeza. Ele falou com gosto sobre o seu terceiro passeio espacial.

Explicou aos meninos do Brasil por que aproveitou a caminhada na Lua para saltar como um canguru, enquanto cantava uma canção popular de seu país. Disse que a brincadeira foi facilitada pela ausência de gravidade, que deixa uma pessoa com um sexto de seu peso. E justificou:

– Tudo o que você faz na vida tem que ser bem feito. Mas você tem que se divertir.

Essa talvez seja a principal lição da maior aventura do ser humano em todos os tempos: na última vez que um homem pisou na Lua, ele voltou a ser criança. E a Lua, mesmo pisoteada, ainda nos faz sonhar, como recomenda o velho astronauta.

Só não devemos esquecer do principal: um sonho até pode ser a metade de uma realidade, mas só se concretiza quando o homem age.

Nenhum comentário: