terça-feira, 16 de agosto de 2011



16 de agosto de 2011 | N° 16794
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA


A reinvenção do passado

A história de uma cidade pode ser contada pelos retratos de suas famílias. É o que faz Cachoeira, que, por iniciativa e inspiração de Ione Sanmartin Carlos, está reunindo, no Arquivo Histórico Municipal Carlos Salzano, a memória visual da trajetória de pais, filhos, netos e bisnetos daqueles que deram forma ao passado. Trata-se, segundo reportagem de Maurício Vieira da Cunha, publicada no Jornal do Povo, de uma recuperação de nossa terra e de nossa gente.

O passado nunca esteve tão presente, diz, em uma outra reportagem, Patrícia Rocha, publicada no caderno Donna, de Zero Hora. Ela está cheia de razão, pois afinal o passado é a soma de todos os presentes. No caso de Cachoeira, a matéria é ilustrada por uma foto que é toda uma iluminação. Trata-se de uma festa ocorrida no final dos anos 30, em que se celebra o aniversário de Lovely de Bem Garcia.

A aniversariante, de uma beleza incomparável, e que com aqueles traços, aqueles lindíssimos olhos verdes, poderia estar sem favor em Hollywood, aparece cercada de alguns de seus então jovens convidados, em trajes de gala, dentre eles meu grande amigo Carlos Mor.

Cachoeira era então uma cidade orgulhosamente próspera. Era a segunda praça financeira do Estado. Era a maior produtora de arroz do Brasil. Ostentava imensos engenhos, mais altos do que arranha-céus. Concluía o mais moderno hospital das três Américas. Seu porto era o terceiro mais movimentado do Rio Grande.

Com as circunstâncias históricas que vivemos hoje, é improvável reinaugurar esse cenário. Mas algo do passado pode ser reinventado e eternizado. Basta que os cachoeirenses revisitem suas caixas de guardados e mandem fotografias de família para o Arquivo Histórico Municipal Carlos Salzano.

Talvez nenhuma seja tão esplêndida quanto a de Lovely de Bem Garcia. Mas todas contribuirão para a redescoberta de tempos em que éramos felizes e sabíamos.

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