sábado, 2 de abril de 2011



02 de abril de 2011 | N° 16658
NILSON SOUZA


O casamento dos ogros

Que rolo deu o casamento dos fãs de Shrek em Garibaldi! Não era para tanto, certamente, mas como a gente dá um boi para não entrar numa discussão e todas as vaquinhas da Cow Parade para não sair, estamos debatendo até agora. Foi um desrespeito com a Santa Madre ou apenas uma brincadeira inocente dos noivos e de seus convidados?

E o padre mereceu aquela espargida pública do bispo? A propósito, um bispo paramentado com a sua Capa Magna e todos aqueles ornamentos medievais também não parece um personagem de conto de fadas?

Bah, gente, vamos nos divertir mais. Tudo bem que os noivinhos podiam ter deixado para realizar suas fantasias em casa, mas também não foi nenhum sacrilégio levar aquele bloco de falsos súditos para a igreja.

Não vejo muita diferença entre as túnicas de seda colorida dos trajes medievais e os nossos espartilhos modernos – ternos, gravatas, vestidos longos e salto alto. Acredito até que as primeiras eram mais confortáveis. O próprio vestido tradicional das noivas não deixa de ser uma bela fantasia.

O ser humano adora fantasiar. No fim do mês teremos o casamento do príncipe William, da Inglaterra, com sua namorada Kate Middleton, plebeia que, coincidentemente, trabalhava no negócio da família, uma empresa de acessórios para festas. Provavelmente ela já vendeu até fantasias de Shrek.

Pois bem, o príncipe e sua amada irão numa carruagem antiga até a Abadia de Westminster, uma catedral de estilo gótico que já foi palco de incontáveis casamentos e funerais, inclusive o da princesa Diana, mãe do noivo. Aposto que ninguém ficará escandalizado se, em meio ao espetáculo das bodas reais, aparecer algum convidado vestido com roupas medievais.

E o que isso tem a ver com os nossos príncipes de mentirinha? Tudo. O casamento é um momento de sonho para nobres e plebeus. Nem todos se sujeitam à formalidade, é verdade, mas aqueles que escolhem a cerimônia querem torná-la inesquecível, pois sabem que no dia seguinte – como na série cinematográfica do simpático ogro – o encanto pode acabar e a vida virar rotina.

Decididamente, estou ao lado dos imaginativos recém-casados de Garibaldi e do padre que admitiu a brincadeira.

E só posso desejar que o amor de Shrek e Fiona seja infinito enquanto dure.

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