terça-feira, 4 de janeiro de 2011



04 de janeiro de 2011 | N° 16570
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA

Receita para 2011

Nestes primeiros dias de 2011, eu queria ter 10 anos menos.

Nestes dias inaugurais do Ano Novo, eu desejaria não ter dito palavras, não ter tomado atitudes das quais me arrependeria.

Neste período inicial de uma nova era em minha vida, eu gostaria de ter feito gestos de que me esqueci.

Almejaria ter usado mais vezes o verbo almejar, para desejar paz, saúde, felicidade a todos os que me eram próximos.

Queria não ter calado a palavra quase dita, a frase quase formulada, a declaração quase enunciada.

Nestes primeiros dias de 2011, eu gostaria de ter a idade da inocência.

Eu pretenderia não haver ouvido ainda todas as músicas que me comoveram.

Eu ambicionaria não ter lido ainda todas as obras-primas que me emocionaram.

Eu aspiraria a não ter visto ainda todas as grandes telas da pintura que mexeram com meu coração e minha alma.

Eu pretenderia ser tão puro de mente que todo o saber me fosse desconhecido.

Me apeteceria desconhecer toda a ciência, para que eu próprio a descobrisse.

Ansiaria por desvendar todos esses pequenos, grandes segredos da alma humana, só para esquecê-los depois.

Ambicionaria voltar a cada trecho dos livros que me tocaram, só pelo gosto de reinventáa-los.

Anelaria tornar a cada grande museu que visitei, ao menos para reecontrar a Mona Lisa, a Vitória de Samotrácia e a Vênus de Milo.

E em tudo isso buscaria, em cada sentimento e anelo e desejo, o melhor de mim mesmo, aquele que procura norte e rumo na beleza.

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