Voces encontrarão aqui uma variedade de coisas que gosto: crônicas de jornais diários e de revistas semanais, de livros que já li e de outros que gostaria de ler... de imagens que gosto e tenho e outras que ainda sonho em fazer. Enfim, há uma variedade de coisas que espero voces também gostem pois esta, é uma das razões de ele ser. Sintam-se em casa aqui.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
29 de dezembro de 2008
N° 15833 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Do fundo do tempo
A fotografia é um instante aprisionado da eternidade. A idéia me vem ao folhear Memória Visual de Porto Alegre 1880 – 1960, álbum publicado pelo Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa e organizado, sob a batuta de Lauro Schirmer, por Denise Stumvoll e Naida Menezes.
Na verdade, o período contemplado é um tanto elástico, pois sobra espaço para um anúncio de 1860 e imagens de 1970. Mas isso é o que menos importa. O que conta é a esplêndida coleção de flagrantes da vida real modelarmente selecionados pelos técnicos de uma instituição que atravessa um excelente momento, como mostrou reportagem do caderno Cultura, de Zero Hora.
Tomem a capa do álbum. Uma banda colegial desfila pela Rua da Praia no penúltimo dia de inverno de 1960. Ali estão os cinemas Imperial e Guarani, a Farmácia Carvalho, o Grande Hotel, o prédio de A Federação, que viria a ser a sede do museu. Mas ali está também o rosto extraordinariamente expressivo de uma menina, que nos mira do fundo do tempo.
Considerem as cenas da Legalidade. Naqueles dias o Rio Grande se levantou pela democracia, na que foi uma das mais belas páginas de sua história.
Olhem a esquina da Rua Conceição com a Voluntários da Pátria. Aqui se ergue o torreão da Estação Ferroviária. Daqui partiam os trens que me levavam a Cachoeira e a inesquecíveis instantes de minha primeira juventude.
E esse bonde que desliza pelos trilhos da Praça da Alfândega, numa manhã perdida da década de 30? Não será ele o símbolo de uma capital com um extraviado cenário vagamente europeu?
E essa mansão do cruzamento da Hilário Ribeiro com Formosa (leia-se Florêncio Ygartua) não será a confirmação de que éramos um quarteirão esquecido de Berlim ou de Viena?
E esse Austin A-70, estacionado junto a um Citroën negro em plena Rua da Praia, esse Jaguar parado na Jerônimo Coelho, esse Stutz percorrendo a Avenida Farrapos não espelham dias que não voltarão?
Sei não, pois talvez tornem a cada vez que eu abrir a Memória Visual de uma Porto Alegre que não existe mais.
Aproveite a segunda-feira e tenhamos todos uma excelente semana. Esta que marcará o fim de 2008 e o início de 2009.
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