quarta-feira, 14 de novembro de 2007



14 de novembro de 2007
N° 15418 - Martha Medeiros


Redenção, segunda-feira

Todos os dias, caminho pelas ruas da cidade e atravesso praças e parques, mas a Redenção sempre ficou fora do meu circuito. No entanto, como tinha algo a fazer lá por perto, na última segunda-feira caminhei às oito da manhã pelas alamedas desse que é considerado o pulmão verde da nossa cidade.

Bom, se a Redenção é o nosso pulmão, estamos fritos. Asfixia à vista.

O quadro era desolador. Eu cruzava com outros caminhantes e tinha vontade de perguntar: você também está sentindo esse cheiro?

O fedor era o de um lixão a céu aberto. Por cima da grama, garrafas vazias de vinho, pacotes de salgadinho, páginas de jornal, canudos, copos plásticos, baganas, latas de refrigerante, embalagens diversas, restos de tudo. Resolvi contar quantas lixeiras o parque dispõe.

Pois bem, são inúmeras. A cada 30 passos, há uma lixeira para material orgânico e outra para os inorgânicos. A cada 30 passos! Nem nos países europeus se vê tanta lixeira. Mas, por aqui, elas são apenas decorativas. Jogar lixo no chão é que é maneiro.

Dentro do espelho dágua, diante do Monumento ao Expedicionário, mais podridão, descaso e lixo poluindo a água e emporcalhando o visual.

Não é possível que sejam apenas os mendigos que ali dormem que promovem essa sujeirada - eles precisariam ser muito mais numerosos. Sem falar que é preconceito acreditar que são eles os mal-educados. Os mal-educados somos nós.

Fiquei tentando imaginar como funciona a cabeça de uma pessoa que devora um pacote de Doritos e abandona a embalagem na grama sem o menor constrangimento. Só pode ser um caso de "grosseria em série".

Quando alguém entra num banheiro público e encontra o vaso rodeado por papéis usados, jogados no chão, é comum que pense: um a mais, um a menos, que diferença fará?

E repete a negligência, dando sua contribuição para que a imundície continue. A Redenção está chegando a esse ponto: um detrito a mais, outro a menos, quem vai reparar?

Sei que escolhi o pior dia para caminhar pelo "pulmão" da cidade, justo no day after de um domingo de sol, de brique e de passeata, e com o pessoal do DMLU ainda na cama.

Mas o que fica dessa experiência é a desanimante constatação de que ainda há muita gente tosca e sem consciência ambiental e de que o cercamento da Redenção é mesmo urgente. Deixaria o parque não só mais seguro, como imporia um certo respeito - presume-se.

Enquanto isso não acontece, melhor respirar outros ares.

Uma ótima quarta-feira - Dia Internacional do Sofá e véspera de feriado da Proclamação da República do Brasil, então aproveite.

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