sexta-feira, 12 de março de 2021


12 DE MARÇO DE 2021
ARTIGOS

A QUEM INTERESSA UM POVO SEM MEMÓRIA?

Relembrar o passado para compreender o presente e projetar o futuro é o caminho para não cometer os mesmos erros. No Brasil, a desigualdade social faz história. Possuímos a segunda maior concentração de renda do mundo e o 1% mais rico reúne 28,3% da renda total. Na pandemia, a situação se agravou. Enquanto a maioria da população depende do auxílio emergencial para viver, a fortuna dos bilionários brasileiros cresceu R$ 34 bilhões, segundo a Oxfam. O que os nossos governantes têm feito a respeito?

Enquanto países desenvolvidos investem continuamente em serviços públicos, o Brasil aprovou uma PEC que congelou por 20 anos os gastos com saúde, educação, segurança e áreas essenciais. Enquanto o mundo inteiro taxa lucros e dividendos, o Brasil e a Estônia são os únicos que continuam a isentá-los. Passamos pelas reformas trabalhista, previdenciária, administrativa, privatizações, todas blindadas pelo discurso de que o governo precisa gastar menos, extinguir privilégios e gerar emprego. Mas, nos últimos tempos, o país chegou ao pior PIB da história, mesmo antes da pandemia. Quem está errado, o Brasil ou o mundo?

Se existe algo que a covid-19 mostrou, é que o investimento em serviços públicos deve ocorrer de forma contínua e que não há espaço para a lógica do Estado mínimo. No RS, o governo não aprende com os erros do passado. Após reformas ineficientes, privatizações, retirada de direitos, o governador está propondo congelar, por 10 anos, investimentos dos serviços essenciais. Quem perde é a população que precisa do posto de saúde, da vaga na creche, do transporte público, da moradia digna. A justificativa, tanto no Brasil quanto no RS, é pagar a dívida.

Porém, só venceremos a crise com investimento público. É claro que a busca pelo ajuste fiscal deve ser prioridade, mas ele não pode ser um fim em si mesmo. Aliás, os governantes esquecem que a maior dívida a ser paga está prevista no Artigo 6 da CF, em que está claro que educação, saúde, trabalho, moradia e segurança são direitos de todo cidadão. E essa dívida, há tempos, já venceu para muita gente.

JULIANA BRIZOLA

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