quinta-feira, 11 de março de 2021


11 DE MARÇO DE 2021
+ ECONOMIA

Como frear gasolina antes de chegar a R$ 7

Há menos de um mês, a coluna se assustou com a placa de preço de gasolina que marcava R$ 4,999. Na terça-feira, depois do sexto reajuste nos primeiros 68 dias de 2021, o valor exposto tocou em R$ 5,999, ou seja, R$ 6. Todos sabemos: o aumento acumulado em 54% nas refinarias só neste ano é resultado da combinação de alta na cotação do petróleo e desvalorização do real. Com o barril encostando em US$ 70 e o dólar arranhando os R$ 6, a gasolina pode chegar a R$ 7?

No período em que a gasolina subiu 54% no Brasil, o óleo tipo brent, usado pela Petrobras para definir seus reajustes, aumentou 33,2%. O dólar, o outro componente da equação, subiu 10%. Nesse caso, não basta somar os dois fatores, o que daria 43,2%, mas fazer a conta da pressão acumulada, que alcança 46,5%. Os pontos percentuais excedentes equivalem a repasses represados em 2020.

Portanto, a maior pressão sobre os reajustes dos combustíveis no Brasil veio mesmo do petróleo, cujo destino está nas mãos de um cartel, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que decidiu manter cortes na produção até abril. Com oferta limitada, faz o preço subir. Na manhã de quarta-feira, a cotação do barril de brent era de US$ 67,75.

No Brasil, o câmbio seria a variável mais controlável - pouco, mas uma economia equilibrada contribui para a valorização da própria moeda. O problema que é o dólar subiu neste início de ano, e não por uma irrefreável tendência internacional. Ao contrário, a moeda americana cedeu ante várias outras com a eleição de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos.

Havia a perspectiva de que o real também conseguisse se recuperar, o que não foi possível diante da desconfiança do mercado quanto à política populista de Jair Bolsonaro. Agora, o dólar retoma valorização ante as demais moedas, como mostra a elevação dos títulos do Tesouro americano, os Treasuries.

Ontem, dólar caiu 2.5% para R$ 5,665. Embora analistas admitam que pode chegar a R$ 6, projetam que feche o ano por volta de R$ 5,50. Ou seja, existe perspectiva de alívio. E avança no governo a intenção de uma saída à Dinamarca: a criação de um fundo de estabilização para os combustíveis, abastecido com recursos de royalties e participações especiais arrecadadas pelo governo federal na exploração de petróleo e gás. Não é uma garantia de que a gasolina não chegue a R$ 7 na bomba, mas é uma das poucas alternativas possíveis.

"Deus Mercado" não reage a Lula

No discurso de tom eleitoral feito ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu:

- Não tenham medo de mim.

Referia-se à reação de dólar e bolsa nos dois dias anteriores, mas Lula assoprou e mordeu, ao dizer que não se deve dar tudo o que quer o "Deus Mercado" e criticar privatizações. Na fala preparada para soar racional e pacífica, não reeditou a Carta ao Povo Brasileiro. Insistiu que a Petrobras não deve seguir preço internacional do petróleo.

Nesse ponto, concorda com Bolsonaro. Paulo Guedes foi o único ministro citado, além de Eduardo Pazuello, da Saúde. Nos dois casos, com críticas. Mas acenou ao empresariado ao dizer que sempre buscou diálogo.

E pegou carona no desconforto crescente da população ao apontar da alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis. Com ajuda do Banco Central e da aprovação do pacote de US$ 1,9 trilhão nos EUA, dólar caiu 2,5% e bolsa subiu 1,3%.

Investimento de R$ 2 bi em latas

Não está faltando nem vai faltar, disse o gaúcho Cátilo Cândido, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas (Abralatas), à dúvida da coluna sobre a normalidade do abastecimento que ainda é incerta em vários setores.

Em 2020, afirmou Cátilo, as 24 indústrias do Brasil, incluindo uma no Rio Grande do Sul, produziram número recorde de latas: 32 bilhões, com alta de 7,3% ante o ano anterior no faturamento, que ficou em R$ 17,5 bilhões.

- A pandemia teve vários impactos, e um foi o forte crescimento na demanda por latas, que já vinha se acelerando e se intensificou. No final de 2019, de toda a cerveja do país, 55% era envasada em lata. No final do ano passado, chegou a 70%. Crescemos em um ano o que esperávamos crescer em três. Então, ocorreram faltas pontuais, não disrupção. Ninguém consegue crescer 7,3% se não entregar produto - sustentou.

Antes da pandemia, o consumo de cerveja se concentrava em bares e restaurantes, onde dominam as garrafas de vidro. Com o distanciamento social, a venda se concentrou no varejo, em hiper e supermercados.

Para 2021, há previsão de três novas fábricas de latas: duas em Minas Gerais, com investimento de R$ 2 bilhões, cerca de 20% de expansão, e a terceira ainda sem local definido.

Sabor de 1949

Depois de bom desempenho em Santa Catarina, a Fruki vai relançar seu sabor laranja, batizado de Laranjinha, no mercado gaúcho. O produto deve chegar às gôndolas ainda neste mês, inicialmente em embalagens de dois litros. A marca renovou a fórmula de 1949 e lançou a bebida no Estado vizinho em julho passado. Como as vendas superaram as projeções, a empresa decidiu "trazer" o produto para casa. Julio Eggers, diretor administrativo e de marketing da Fruki, diz que a expectativa é de que o sucesso no mercado catarinense se repita no Estado. A Fruki teve em dezembro passado seu melhor mês, com 8,8% do total das vendas. O sabor guaraná chegou a 30% do mercado, tornou-se a bebida desse tipo mais vendida no Estado.

A expectativa com o avanço da pec emergencial na câmara dos deputados é de que a medida provisória que renova o auxílio emergencial por mais quatro meses seja editada na próxima semana. os pagamentos do benefício podem começar na segunda quinzena de março.

55,6 pontos foi o nível de emprego na indústria gaúcha em janeiro, que teve o sétimo aumento seguido e ficou acima do padrão do mês, de média histórica de 50,2. Acima de 50 pontos, o indicador reflete crescimento ante o mês anterior.

Gaúchos deixam XP por gestora local

Depois de 10 anos como sócios da XP Investimentos, Laura Grendene Bartelle e Rossano Oltramari mudaram de casa: ingressam na 051 Capital. A missão dos dois gaúchos será levar os produtos da gestora para as plataformas digitais de investimento. A 051 Capital, que administra R$ 2 bilhões em recursos de terceiros em Porto Alegre, Rio de Janeiro (RJ) e Teresina (PI), passa a atuar com clientes de varejo de alta renda.

Nascida em Porto Alegre, mas baseada no Rio de Janeiro, Laura Grendene Bartelle, filha de Alexandre Grendene, começou a carreira como analista de investimentos na XP com 17 anos. Com mais de 20 anos de experiência no mercado, Rossano Oltramari foi um dos integrantes do grupo de gaúchos fundadores da XP Investimentos em 2002, onde atuou como analista-chefe.

A chegada dos dois à 051 Capital marca a entrada da gestora de recursos no varejo. O objetivo é permitir acesso, para quem tem valores menores para investir, a produtos normalmente reservados para o perfil private, ou seja, de alta renda, com custo acessível, diversificação e "alinhamento de interesses" - quando o gestor não apenas vende produtos de investimento, mas divide o ganho com o cliente. Há quatro anos, a 051 Capital faz planejamento e gestão de patrimônio, no modelo conhecido como múlti family office, ou gestão de fortunas.

MARTA SFREDO

Nenhum comentário: