sábado, 22 de junho de 2024

Gol anuncia mais voos em Canoas, Caxias do Sul e Pelotas

Gol vai passar de nove para 13 voos semanais na Base de Canoas, alternativa ao Salgado Filho
Gol vai passar de nove para 13 voos semanais na Base de Canoas, alternativa ao Salgado Filho

Depois de Azul e Latam, agora é a vez da Gol ampliar seus voos na Base Aérea de Canoas (Baco), que virou alternativa ao fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. O complexo está fora de operação desde 3 de maio, ainda sem data certa para retornar novos voos da Gol na Baco começam em 15 de julho. Além disso, a aérea informou, nesta quinta-feira (20), que ofertará mais voos em Caxias do Sul e Pelotas.

A frequência da aérea na cidade da Região Metropolitana vai passar dos atuais nove voos semanais diretos, que estrearam em 1º de junho, para 13 voos semanais. Serão quatro novas operações de ida e volta ligando Canoas ao Aeroporto de Congonhas na capital paulista. Até agora, os voos são para o Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Os voos na Baco passam a usar a janela noturna, autorizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que também possibilitou a expansão das outras duas concorrentes. A Gol vai voar às terças, quartas, quintas e aos domingos entre Congonhas e Canoas, com partida de São Paulo às 17h35min e decolagem da cidade gaúcha, às 19h05min.

Latam amplia a operação em 30 de junho, com mais quatro voos semanais (oito ida e volta), e a Azul entra com o terceiro voo em 1º de julho, com mais quatro voos na semana, oito nos dis sentidos. No total, as três empresas terão 12 voos semanais a mais (24 considerando so dois sentidos).

Os embarques estão ocorrendo no terminal provisório montado no ParkCanoas Shopping. Os passageiros fazem o check-in no local e depois são levados de ônibus até a Baco. A orientação é que as pessoas cheguem três horas antes da decolagem.

Anac autorizou até 10 voos diários na Baco. Com as expansões anunciadas, ainda não se chega no teto e também não se tem mesmo número diariamente. Com isso, Canoas supre pequena parte do fluxo do Salgado Filho, que era de uma média de 140 a 150 voos diários.

Sobre o retorno do complexo da Capital, concessionária Fraport Brasil e governo federal falaram até agora em prazo até fim de dezembro. Mas a reabertura depende de diagnóstico da Fraport, prometido até meados de julho, e recomposição da pista e de equipamentos.

A expansão da operação da Gol no aeroporto de Caxias do Sul começa em agosto. De um voo diário para Congonhas, a aérea vai adicionar dois voos. A partir de 5 de agosto, entra a segunda ligação, e, no dia 12, a terceira frequência, segundo a companhia.
Em Pelotas, a Gol eleva em junho ainda a frequência de três para quatro voos semanais no Aeroporto Internacional João Simões Lopes Neto. De agosto até o fim de outubro, a frequência passará a seis dias, de domingo a sexta, com ligação para Guarulhos.
"O aumento da oferta de voos é de extrema importância para o resgate da força logística no Rio Grande do Sul. Os novos voos serão também cruciais para o incremento do transporte de cargas", destaca, em nota, Rafael Araújo, diretor executivo de Planejamento da Gol.
As operações nas três cidades são feitas com Boeing 737, com capacidade para 186 passageiros. A venda de passagens já está sendo feita, diz a Gol.

 Anatomia da depressão

questões incendiárias

questões incendiárias - Jaime Cimenti

Pessoas e instituições público e privadas estão envolvidas com o tema, em muitos países. O Demônio do Meio-Dia (Companhia das Letras, 584 páginas, R$ 57,00), de Andrew Solomon, norte-americano, professor da Columbia University Medical Center e consultor de saúde mental da Yale, lançado em 2000, segue referência no assunto e tem sido editado no Brasil com tradução de Myriam Campello.

Pela sua amplitude temática e pela forma e conteúdo, a obra é um verdadeiro tratado sobre um mal que, em priscas eras, era visto apenas como melancolia e não era objeto de estudos aprofundados. A obra de Solomon foi eleita como um dos cem melhores livros da década de 2000 pelo jornal britânico The Times, venceu o National Book Award , foi finalista do prestigiado Prêmio Pulitzer e tornou-se best-seller internacional, publicada em mais de vinte línguas.
A partir de suas memórias pessoais, inúmeras entrevistas e de muitos estudos e leituras, Solomon convida, com rara humanidade, humildade, sabedoria e erudição, os leitores a uma jornada sem precedentes pelos meandros de um dos assuntos mais espinhosos, significativos e complexos de nossa atualidade. É uma leitura obrigatória para quem sofre ou conhece alguém que sofre de depressão.

Solomon fala de tratamentos, de medicações, de tratamentos alternativos e do impacto da doença nas várias populações demográficas. Solomon ensina sobre as implicações históricas, sociais, biológicas, químicas e médicas da depressão. A obra é abrangente, corajosa, humana, plena de compaixão e importante nesses momentos de tantas crises pessoais e coletivas.
Lançamentos
Escola da complexidade - Escola da Diversidade - Pedagogia da Comunicação (L&PM Editores, 256 páginas, R$ 32,00), do professor universitário, jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, fala do lugar da escola num mundo de mudanças, imagens, algoritmos, diferenças e inteligência artificial. Horizontalidade, liberdade, complexidade e diversidade estão aí.

A coragem de ser quem você é (mesmo não goste tanto disso) (Editora Planeta- Academia, 208 páginas, R$ 57,00), de Walter Riso, italiano, psicólogo e autor de livros de sucesso, é um livro para rebeldes que amam sua individualidade e pretendem exercê-la com liberdade e plenitude.

Questões incendiárias - Ensaios e outros escritos (Editora Rocco, 576 páginas, R$ 134,00), de Margaret Atwood, celebrada e premiada escritora, poeta, crítica literária e ensaísta canadense, apresenta uma série de ensaios sobre temas como: porque as pessoas contam histórias, quanto você e eu podemos nos doar sem sumir, como podemos viver no planeta, o que é a verdade e o justo e o que tem a ver zumbis com autoritarismo.

Acabou o pavio

Sim, pode acreditar, houve um tempo em que algumas pessoas tinham o famoso "pavio curto", eram chamadas de estouradas, esquentadas e sangue quente. Dizem que eram algumas, não muitas, as tais pessoas, que não tinham paciência para aguentar conversas, desaforos e outras coisas que não gostassem nos outros. "Não levo desaforo para casa", "dou um boi para não entrar numa briga e dou uma boiada para não sair dela", "quem diz o que quer, ouve o que não quer" eram algumas máximas dos esquentadinhos.
Hoje quase todo mundo parece ou é mesmo esquentadinho. Todo mundo com os nervos para fora da pele. Antes era nervos à flor da pele. Uma vez Hassan Rohani, na época presidente do Irã, foi à Itália. Os italianos, para não se estressarem mais do que o normal e, quem sabe, fazerem negócios de bilhões com o Irã, cobriram com caixas brancas estátuas de deuses gregos, romanos e nus femininos. Rohani poderia se ofender com os marmóreos genitais... Brillat Savarin disse que, quando a gente recebe alguém, deve fazer tudo para o convidado se sentir feliz em nossos domínios. Será que os gringos estavam certos? Interesseiros? Jeitosos? Ou será que se humilharam? Você decide.
Já em Paris, certa ocasião, estava marcado um almoço com o presidente da França e o presidente Hassan. Os iranianos disseram que não podia aparecer vinho ou outra bebida alcoólica na mesa. Dizem que os franceses são os italianos mal-humorados. Pode ser brincadeira ou estereótipo, mas si non é vero, é bem trovato. Imagina não pintar um vinhozinho em Paris, onde até uma loja do McDonald's teve que abrir exceção e servir vinho. Os franceses cancelaram o almoço abstêmio. E aí? Estavam certos? Deveriam ter tomado refri e água com os trilionários ou, quem sabe, poderiam ter tomado o vinho escondido no banheiro ou na cozinha. O lance não ficou legal. Os franceses podem ter perdido um baita negócio e os iranianos não degustaram as iguarias que os italianos ensinaram os franceses a fazer, há uns séculos atrás, quando Maria Antonieta reclamou da comida e mandou chamar uns chefs lá da Bota.
Esses tempos, uma mulher xingou feio um senhor no Big Brother porque ele estava dormindo de cuecas, na cama, ao lado dela. Pavio curto? Ou nenhum pavio? Depois os dois se desculparam e deram assunto para o antigo programa matinal da Fátima Bernardes. Ele ameaçou processar a esquentadinha.
Todo mundo anda falando tudo, toda hora, em qualquer lugar, bem alto. Aquela coisa de falar um por vez - quando um burro fala o outro murcha as orelhas - dançou. Aquela regra de ficar a um metro de distância dos outros, não ficou. Falar baixo, agir com delicadeza, anda escasso. Tomo mundo quer ter "atitude", e tipo assim, atitude nova-iorquina, bem cheguei, bem trio elétrico, patrola. Para que esperar o outro terminar de falar? Para que pensar que a vingança é um prato que se come frio? Hoje a galera quer comer o fígado do inimigo bem quentinho, na horinha.
A propósito
Antigamente havia manuais de boas maneiras. Célia Ribeiro, Danuza Leão, entre outras, escreveram livros sobre conviver em sociedade e alguns foram best-sellers. Estão fora de moda. Algumas regras e dicas permaneceram, mas, no geral, as pessoas se comportam como bem entendem. Sim, não há sociedades sem regras, mas ultimamente há falta de regras em quase todos os setores, públicos e privados. A vida é curta, passa rápido, melhor entender que somos anjos de uma asa só, que dependemos dos outros para voar. Quando encontramos com alguém, é bom sair melhor do que quando chegamos. Não perca, não encurte seu pavio, aumente-o. Conte até mil. Será melhor para vocês e para o mundo. 
(Jaime Cimenti)


22/06/2024 - 09h00min
Martha Medeiros

Para manter a sanidade, não me afasto de onde estou

Nada de me socorrer no passado ou projetar um futuro que desconheço, este balé escapista que tonteia. Quem achou o filme "Dias Perfeitos" um tédio não percebeu o quanto a vida acontece a cada cena

Um dos filmes mais tocantes dos últimos tempos, Dias Perfeitos, de Wim Wenders, é de uma simplicidade repleta de sentidos. Quem achou o filme um tédio não percebeu o quanto a vida acontece a cada cena. Todo dia, o personagem Hirayama faz tudo sempre igual: escova os dentes, coloca o uniforme, pega um café na máquina automática e sai com o carro a fim de realizar seu trabalho como limpador de banheiros de parques públicos em Tóquio. No trajeto, escuta música em fitas K-7. À noite, lê um pouco, dorme e no dia seguinte retoma a mesma rotina, aparentemente idêntica.

O filme concorreu ao Oscar e já foi mais que comentado. Assisti em janeiro, mas só agora, revendo a antológica cena final, em que o ator Koji Yakusho dirige escutando Feeling Good, de Nina Simone, permiti que o choro e o riso do personagem, ambos simultâneos naquele close poderoso, se misturassem aos meus.

Janeiro parece que foi em outra vida. Em minha rotina, nada se mantém igual: há um sul em mim que adoece e um norte em mim que se expande – dentro do mesmo corpo. Caio, levanto, me deito, danço, alternando reações, conforme sou atingida pelas notícias do mundo ou pelos silêncios que encontro ao abrir minhas gavetas internas. Tudo é muito – e muito intenso. Alguém chamou de “tempo de desorientação”. Não tenho o nome do autor para dar o crédito, mas o parabenizo: que definição precisa.

Para manter a sanidade, não me afasto de onde estou. Nada de me socorrer no passado ou projetar um futuro que desconheço, este balé escapista que tonteia. Grudo no livro que estou lendo, absorvo a música que está tocando e fico atenta ao que me acontece agora, e do jeito que me atinge, de frente e por dentro. A vida mirou em mim e me acertou.

Com tanta presença, a solidão não entra. É o que Hirayama nos transmite no filme. Ele não passa os olhos: ele enxerga. Ele não finge que ouve: ele escuta. Ele sabe onde estão suas chaves, ele desce e sobe com cuidado os seus degraus, ele torna nobre o seu ofício desprezado, ele até disputa um jogo da velha contra um adversário invisível. Pertence ao mundo com inteireza, não aos pedaços. Quanto à questão digital, o filme é claro: não precisamos de mil, 10 mil, um milhão. Precisamos de um. De uma. A cada vez. Calmamente. É o que nos torna um planeta habitado.

Temos sido sugados por ralos tecnológicos que nos despejam em valas comuns, onde viramos números, algoritmos, seguidores sem rostos. Que essa bagunça virtual não corrompa nossa casa e nossa mente, os dois espaços sagrados da existência. E que a alma da gente não seja pulverizada pelos gigabytes. É uma luta diária não se deixar desorientar. A gente chora porque é difícil. E, ao mesmo tempo, ri porque consegue.


22 DE JUNHO DE 2024
TICIANO BORGES OSORIO

TICIANO BORGES OSORIO

Benefícios do exercício aos 40 e aos 50. Especialistas recomendam atividades que incrementam a força, como musculação

Para benefícios substanciais aos adultos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma prática semanal de, pelo menos, 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica de moderada intensidade ou de 75 a 150 minutos de vigorosa intensidade. Tanto aos 40 quanto aos 50 anos, a atividade mais adequada é aquela em que há incremento de força no corpo, como treinamento funcional ou musculação, indica André Pessin, educador físico e proprietário do Espaço Pessin Corpo & Mente.

- Com o passar do tempo, a gente vai diminuindo a massa magra e massa óssea, e o nosso organismo, então, vai perdendo força. É a qualidade física mais importante que deve ser desenvolvida. É fundamental, porque as pessoas dão muito valor para as atividades cardiorrespiratórias, que são realmente importantes nessa faixa etária, assim como em toda a nossa vida, para a gente melhorar a resistência aeróbia, mas até para caminhar nós precisamos de força - ressalta. - O fortalecimento dos membros inferiores nesta faixa etária reduz significativamente a possibilidade de desenvolver Alzheimer e doenças cardiovasculares, além de aumentar a expectativa de vida e melhorar a cognição.

Além do fortalecimento ósseo, a musculação auxilia no desenvolvimento e na manutenção da musculatura e na prevenção de lesões, diz Eduardo Carcuchinski, personal trainer e sócio da academia Body Company. Ele sugere também um trabalho de mobilidade articular e flexibilidade, com alongamentos, já que, nessa faixa etária, perde-se cerca de 2% dessas capacidades por ano. O trabalho cardiorrespiratório (aeróbico), de cerca de 30 minutos por dia, também é essencial para a manutenção da saúde cardíaca e do condicionamento físico.

- Aos 50 anos, as atividades físicas recomendadas são as mesmas, porém, obviamente, se a pessoa está sedentária até essa idade, os cuidados terão de ser maiores em questão de peso, execução dos exercícios, tempo de esforço e descanso entre sessões de treino - alerta Carcuchinski.

É fundamental que a prática escolhida seja prazerosa. O ideal é que, além de um trabalho de reforço muscular, sejam realizadas atividades que melhorem o estado de saúde geral, incluindo o bem-estar emocional. Atividades esportivas, recreativas e aeróbicas são bem-vindas - como caminhada, corrida, ciclismo, slackline, vôlei, futebol, entre outras -, desde que realizadas de forma moderada.

Os perigos do sedentarismo

O estresse e a vida atribulada têm levado à falta de atividades físicas, gerando um estilo de vida sedentário. No Brasil, cerca de 60% das pessoas são inativas fisicamente, ou seja, não praticam nenhuma atividade física.

O sedentarismo gera uma série de riscos à saúde, como alguns tipos de diabetes, problemas cardiovasculares, posturais e articulares, incluindo artroses e artrites, desequilíbrio e problemas emocionais. Na faixa etária dos 40 e 50 anos, pode aumentar em até 30% o risco de morte precoce por doenças que decorrem da falta de atividade física, diz Carcuchinski. Além disso, faz com que o indivíduo tenha sérias chances de perda de massa muscular devido à idade. _

Nove motivos para se exercitar

É fundamental que a prática escolhida seja prazerosa, ressaltam educadores físicos

Redução de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e problemas musculares e posturais

Incremento de força

Elevação do metabolismo, fazendo com que o corpo gaste mais calorias em repouso

Aumento dos níveis de testosterona

Alívio do estresse

Melhora de equilíbrio e prevenção de quedas

Auxílio no tratamento de ansiedade e depressão

Melhora na disposição

Melhora na qualidade do sono

Melhora para o corpo e também para a mente

A administradora Aline Melatti, 45 anos, moradora de Porto Alegre, viu alguns desses benefícios incorporarem-se à sua vida. Ela já se exercitava, mas passou a treinar com regularidade e intensidade há cerca de cinco anos. Antes, praticava atividades físicas duas vezes por semana, e agora, de cinco a seis. Aline faz musculação, anda de bicicleta e realiza alongamentos.

- Eu me sinto melhor quando me exercito. Além do físico, o exercício me ajuda muito na parte mental, pois ir com regularidade reflete na minha rotina como um todo, ajuda a ter mais foco e disciplina. Também ajuda a desligar a mente da rotina e ter um momento para o meu corpo. E como gosto muito de viajar, quero preparar meu corpo para ter saúde ao longo da minha vida, poder viajar pelo mundo com saúde e autonomia - destaca Aline.

Ela também viu outras mudanças práticas em sua vida: seu corpo ganhou mais massa muscular e, hoje, sente-se mais bonita. Além disso, apesar de ter lesões no joelho e uma hérnia na lombar, a musculação a ajuda a viver bem e a manter a musculatura forte - o que também auxilia a evitar a dor.

- As dificuldades que eu tive no início foram por conta das lesões, que me limitavam a fazer determinados exercícios. Com o acompanhamento do meu personal trainer e a regularidade dos treinos, fomos avançando pouco a pouco, e hoje consigo treinar com intensidade normalmente - relata a administradora. _

O desafio da disciplina

- Quando a gente está fora de forma, vai correr para atravessar a rua e chega do outro lado já cansado. É por isso que a gente acaba fazendo (exercício). Pela questão do bem-estar e para poder se sentir com flexibilidade, com força. E também não esperar que o médico te diga "tem de fazer exercício" depois que tu já tem um problema - pontua o cabeleireiro Régis Vernetti, 53 anos.

Primeiro, Vernetti começou treinando duas vezes por semana. Depois, três. Em seguida, passou também a correr nos outros dois dias. Hoje, faz treinamento funcional no Pessin Corpo & Mente e jiu-jítsu durante a semana. Nos sábados e domingos, corre e anda de bicicleta com seu grupo de pedalada - em suma, não fica parado, dedicando ao menos uma hora por dia a algum exercício. Desde que sua vida fitness engrenou, as mudanças percebidas foram muitas, principalmente no condicionamento físico, mas também em relação à alimentação:

- Já tem coisa que a gente não compra no supermercado, acostumei a tomar café sem açúcar. Para mim, uma superação, já que adoro um docinho.

Vernetti enfatiza que o foco, na sua faixa etária, não está, muitas vezes, no resultado imediato ou na estética, e sim em aproveitar o tempo, curtir a vida e ter saúde - o condicionamento físico é consequência da disciplina. O importante é não exagerar e saber respeitar os limites, já que a lesão "acaba com tudo", ressalta. Além disso, a pessoa não deve se preocupar com os outros:

- É você superando a si próprio.

Compartilhar a atividade com outras pessoas com o mesmo interesse pode ajudar na motivação. Aline Melatti diz que também é fundamental achar o lugar certo:

- Não adianta escolher a melhor academia se você não tem vontade de ir para lá. No início, muitas vezes eu tinha de me forçar a ir, mas ia, porque comecei a perceber que eu voltava me sentindo muito melhor.

A administradora também passou a encarar o exercício como um compromisso, colocando-o como uma das prioridades na agenda. Acordava sabendo que no horário estipulado iria para a academia, estando a fim ou não. Outra dica de Aline é nunca ficar mais de quatro dias sem se exercitar - nem que seja uma caminhada. Se fica muito tempo afastada dos treinos, a preguiça começa a se instalar.

O primeiro passo, assim como em todos os projetos da vida, é começar. Só assim será possível alcançar a constância e, consequentemente, mais saúde e qualidade de vida. Vernetti conclui:

- O desafio é a disciplina, continuar sempre, até nos dias que a vontade não vem. Muitas vezes, é se arrastando mesmo (risos). _

Os riscos e os cuidados

Para que os diversos benefícios do exercício possam se concretizar, é preciso tomar alguns cuidados.

É importante, após os 40 anos, realizar no mínimo um check-up anual com um cardiologista, para ser liberado, recomenda o educador físico André Pessin. Além disso, a atividade que será executada precisa ser acompanhada por um profissional de educação física credenciado, para supervisionar e prescrever os exercícios.

- Pior do que o indivíduo sedentário é um indivíduo que faz atividade física por conta própria a partir dessa idade e acaba se lesionando, principalmente com algumas atividades de alta intensidade, que aumentam a possibilidade de lesões corporais, articulares, ligamentares, musculares e ósseas - alerta Pessin.

Há também o risco de executar intensidade e frequência muito fortes no treinamento, provocando o chamado overtraining (excesso de treino), sem dar o devido descanso ao corpo para se adaptar aos novos estímulos, o que pode resultar em lesões - sobretudo no caso de um indivíduo sedentário sem acompanhamento, acrescenta o personal trainer Carcuchinski. Ele também salienta a importância de manter uma postura correta durante os exercícios e adequar as cargas para cada indivíduo.

Os cenários e cuidados também variam conforme as condições específicas de cada aluno. Os profissionais sempre levam em consideração o objetivo pessoal e as condições de saúde - como lombalgia, cervicalgia, problemas articulares, entre outros - para adaptar e prescrever exercícios. _



14/06/2024 - 09h00min
Martha Medeiros

Para manter a sanidade, não me afasto de onde estou

Nada de me socorrer no passado ou projetar um futuro que desconheço, este balé escapista que tonteia. Quem achou o filme "Dias Perfeitos" um tédio não percebeu o quanto a vida acontece a cada cena

Um dos filmes mais tocantes dos últimos tempos, Dias Perfeitos, de Wim Wenders, é de uma simplicidade repleta de sentidos. Quem achou o filme um tédio não percebeu o quanto a vida acontece a cada cena. Todo dia, o personagem Hirayama faz tudo sempre igual: escova os dentes, coloca o uniforme, pega um café na máquina automática e sai com o carro a fim de realizar seu trabalho como limpador de banheiros de parques públicos em Tóquio. No trajeto, escuta música em fitas K-7. À noite, lê um pouco, dorme e no dia seguinte retoma a mesma rotina, aparentemente idêntica.

O filme concorreu ao Oscar e já foi mais que comentado. Assisti em janeiro, mas só agora, revendo a antológica cena final, em que o ator Koji Yakusho dirige escutando Feeling Good, de Nina Simone, permiti que o choro e o riso do personagem, ambos simultâneos naquele close poderoso, se misturassem aos meus.

Janeiro parece que foi em outra vida. Em minha rotina, nada se mantém igual: há um sul em mim que adoece e um norte em mim que se expande – dentro do mesmo corpo. Caio, levanto, me deito, danço, alternando reações, conforme sou atingida pelas notícias do mundo ou pelos silêncios que encontro ao abrir minhas gavetas internas. Tudo é muito – e muito intenso. Alguém chamou de “tempo de desorientação”. Não tenho o nome do autor para dar o crédito, mas o parabenizo: que definição precisa.

Para manter a sanidade, não me afasto de onde estou. Nada de me socorrer no passado ou projetar um futuro que desconheço, este balé escapista que tonteia. Grudo no livro que estou lendo, absorvo a música que está tocando e fico atenta ao que me acontece agora, e do jeito que me atinge, de frente e por dentro. A vida mirou em mim e me acertou.

Com tanta presença, a solidão não entra. É o que Hirayama nos transmite no filme. Ele não passa os olhos: ele enxerga. Ele não finge que ouve: ele escuta. Ele sabe onde estão suas chaves, ele desce e sobe com cuidado os seus degraus, ele torna nobre o seu ofício desprezado, ele até disputa um jogo da velha contra um adversário invisível. Pertence ao mundo com inteireza, não aos pedaços. Quanto à questão digital, o filme é claro: não precisamos de mil, 10 mil, um milhão. Precisamos de um. De uma. A cada vez. Calmamente. É o que nos torna um planeta habitado.

Temos sido sugados por ralos tecnológicos que nos despejam em valas comuns, onde viramos números, algoritmos, seguidores sem rostos. Que essa bagunça virtual não corrompa nossa casa e nossa mente, os dois espaços sagrados da existência. E que a alma da gente não seja pulverizada pelos gigabytes. É uma luta diária não se deixar desorientar. A gente chora porque é difícil. E, ao mesmo tempo, ri porque consegue.



22 DE JUNHO DE 2024
CARPINEJAR

Milagre do amor

Ricardo e Ana Sabrina eram meus colegas no Colégio de Aplicação da UFRGS. São o único casal formado na turma que permanece junto até hoje. Já estão há mais de 30 anos casados. Em fevereiro, soube que a sua filha mais velha, Mariana, 15 anos, sofreu um grave AVC hemorrágico. Foi levada entre a vida e a morte para o Hospital Moinhos de Vento.

Inteligente, leitora, estudiosa, tecladista, premiada em escrita criativa, dona de um sorriso generoso, encontrava-se a dois dias de começar o tão sonhado Ensino Médio, preparando-se para exercer no futuro a neuropediatria (meta profissional). Aliás, o mesmo Ensino Médio que serviu de palco para os seus pais se conhecerem e se amarem.

Eu me conectei a Mariana. Não somente porque ela tem o nome de minha filha, ou porque me coloquei no lugar de meus dois amigos, mas porque eu sentia o quanto ela lutava para sobreviver, dentro de seu mundo interior, naquele quarto de hospital. Não sei explicar.

Eu acabei arrastado pela oração.

Mandei um buquê de rosas com uma carta e pedi para que Ricardo e Ana lessem o que escrevi para ela. Tinha certeza de que ela me ouviria mesmo estando desacordada. Tinha convicção de que as palavras são curativas.

"Mariana!

Nossa existência é incompreensível. Então, vamos tirar proveito disso e ser ainda mais incompreensíveis. Eu a espero aqui fora para um abraço. Venha, sei que pode me escutar. Tenho que dar um spoiler da sua vida, logo para você que odeia quem antecipa finais de livros e filmes: você fará grandes realizações. Sua vida será salva para salvar pequenas vidas.

Com amor,

Fabrício Carpinejar"

Os pais leram a minha carta para ela todas as manhãs, religiosamente. Em seguida, Mariana passou por uma delicada cirurgia para corrigir a artéria com malformação. Meses se seguiram com a jovem em coma, restabelecendo-se devagar, com um sono cada vez mais leve.

Em 2 de abril, Ricardo me escreve: "Bom dia, Fabrício. Mari está sem traqueostomia, sem sonda, comendo pastinhas, falando (baixinho), evoluindo bem na fisioterapia e se lembra de absolutamente tudo, do dia do AVC, dos dias na CTI, da senha do celular.

A notícia linda é que ela não apenas se lembra da tua mensagem que eu lia pra ela, ELA SABE REPETI-LA DE CABEÇA. Palavras são curativas, sim. Temos comprovação".

Mariana já caminha. Mariana já fala com desenvoltura. Na última semana, de modo surpreendente, participou da Olimpíada Brasileira de Matemática na sua escola. Ficou três horas fazendo a prova e se classificou para a segunda etapa (somente sete alunos conseguiram a façanha). E isso que ela nem iniciou o Ensino Médio devido ao acidente.

Seu neurologista Pedro Schestatsky, autor do fundamental livro Medicina do Amanhã, partilha de igual espanto: "A Mari é uma pessoa muito especial que zombou de todas as estatísticas relacionadas à recuperação de pacientes de AVC hemorrágico com craniectomia. É nessas horas que temos certeza de que existe algo além de anatomia, fisiologia e bioquímica."

Quem trouxe Mariana de volta não fui eu, mas o amor de sua família. Todos ao redor tornaram-se instrumentos da emanação do poder da ternura familiar. O amor não faz milagres, ele já é o próprio milagre. _

CARPINEJAR

22 DE JUNHO DE 2024
CONSELHO EDITORIAL - Nelson P. Sirotsky

Há mais de 30 anos, quando exercia a presidência da RBS, convidei o professor Nicholas Negroponte, fundador do Laboratório de Mídia do conceituado MIT (Massachussetts Institute of Technology) e um dos profetas da era digital, para uma conversa sobre o futuro da comunicação. Falando para executivos da empresa, Negroponte deixou-nos duas reflexões bem objetivas. A primeira, que o mundo se digitalizaria numa velocidade incrível. A segunda, que os jornais impressos iriam desaparecer.

Aquela conversa - difícil acreditar que já se passaram 33 anos do momento em que assumi a posição de CEO da RBS - teve consequências: aceleramos o ingresso do Grupo RBS no mundo digital, passamos a olhar o novo cenário proporcionado pelo avanço tecnológico com mais determinação e aprofundamos o conhecimento das mudanças de hábitos dos consumidores.

Quanto à segunda reflexão de Negroponte, nossa visão foi de que a qualidade e a credibilidade do conteúdo jornalístico disponibilizado aos consumidores de informação são sempre mais relevantes do que o meio de entrega. Já investíamos nisso na época e continuamos acreditando nesse caminho.

Lembrei-me da conversa com Negroponte ao refletir sobre a edição de Zero Hora deste final de semana, independentemente de como você a está lendo: no jornal digital, no computador, no tablet ou no celular, ou nesta histórica edição impressa com 144 páginas. Nesses anos todos, impresso ou digital não foram um caminho ou outro, nem o cerne da questão. O que a RBS fez, está fazendo agora mesmo e fará no futuro é uma opção pelo jornalismo profissional, no formato que o público quiser. O jornalismo de qualidade é a aposta permanente, no impresso ou no mundo plenamente digitalizado e suas diferentes formas de chegar ao consumidor.

Neste fim de semana, a RBS está lançando vários produtos, firme na nossa crença de que o jornalismo é algo muito relevante para o nosso público. Ainda mais no desafiador momento de mobilização e reconstrução que estamos vivendo, expresso no editorial da RBS nesta mesma página.

Negroponte tinha razão: o mundo se digitaliza cada vez mais rápido e, infelizmente, alguns títulos impressos desapareceram. Ao mesmo tempo, muitos outros, como The New York Times, Folha de S.Paulo, Estadão e O Globo, entre outros, estão sabendo conviver simultaneamente com o mundo digital e o analógico. Zero Hora, com seus 60 anos recém completados, está entre eles.

Na terça-feira, em uma reunião com comunicadores e líderes da RBS, me lembrei da conversa de três décadas atrás. E me recordei, também, de um bate-papo recente na sede da empresa, durante o South Summit de Porto Alegre, em março deste ano, com Uri Levine, cofundador do Waze e autor do livro Apaixone-se pelo Problema, não pela Solução. A primeira pergunta que fiz a Levine foi a mesma que fiz a Negroponte. "Até quando o jornal impresso vai existir?" 

Ele de pronto respondeu: "O jornal impresso existirá enquanto houver consumidores que preferirem este formato". GZH, que em maio atingiu quase 15 milhões de usuários e 120 mil assinantes digitais, Zero Hora e Gaúcha têm seus produtos relançados neste fim de semana e estão vivendo a plenitude do mundo digital. Zero Hora, aos seus 60 anos, se renova no digital e no impresso. Nós, da RBS, acreditamos no jornalismo profissional, na força da comunicação e no nosso Rio Grande do Sul. Concordo tanto com Negroponte quanto com Levine. E você, caro leitor, acha que o jornal impresso um dia vai acabar? _

CONSELHO EDITORIAL

sábado, 15 de junho de 2024


15/06/2024 - 09h00min
Martha Medeiros

Para manter a sanidade, não me afasto de onde estou. Nada de me socorrer no passado ou projetar um futuro que desconheço, este balé escapista que tonteia. Quem achou o filme "Dias Perfeitos" um tédio não percebeu o quanto a vida acontece a cada cena

Um dos filmes mais tocantes dos últimos tempos, Dias Perfeitos, de Wim Wenders, é de uma simplicidade repleta de sentidos. Quem achou o filme um tédio não percebeu o quanto a vida acontece a cada cena. Todo dia, o personagem Hirayama faz tudo sempre igual: escova os dentes, coloca o uniforme, pega um café na máquina automática e sai com o carro a fim de realizar seu trabalho como limpador de banheiros de parques públicos em Tóquio. No trajeto, escuta música em fitas K-7. À noite, lê um pouco, dorme e no dia seguinte retoma a mesma rotina, aparentemente idêntica.

O filme concorreu ao Oscar e já foi mais que comentado. Assisti em janeiro, mas só agora, revendo a antológica cena final, em que o ator Koji Yakusho dirige escutando Feeling Good, de Nina Simone, permiti que o choro e o riso do personagem, ambos simultâneos naquele close poderoso, se misturassem aos meus.

Janeiro parece que foi em outra vida. Em minha rotina, nada se mantém igual: há um sul em mim que adoece e um norte em mim que se expande – dentro do mesmo corpo. Caio, levanto, me deito, danço, alternando reações, conforme sou atingida pelas notícias do mundo ou pelos silêncios que encontro ao abrir minhas gavetas internas. Tudo é muito – e muito intenso. Alguém chamou de “tempo de desorientação”. Não tenho o nome do autor para dar o crédito, mas o parabenizo: que definição precisa.

Para manter a sanidade, não me afasto de onde estou. Nada de me socorrer no passado ou projetar um futuro que desconheço, este balé escapista que tonteia. Grudo no livro que estou lendo, absorvo a música que está tocando e fico atenta ao que me acontece agora, e do jeito que me atinge, de frente e por dentro. A vida mirou em mim e me acertou.

Com tanta presença, a solidão não entra. É o que Hirayama nos transmite no filme. Ele não passa os olhos: ele enxerga. Ele não finge que ouve: ele escuta. Ele sabe onde estão suas chaves, ele desce e sobe com cuidado os seus degraus, ele torna nobre o seu ofício desprezado, ele até disputa um jogo da velha contra um adversário invisível. Pertence ao mundo com inteireza, não aos pedaços. Quanto à questão digital, o filme é claro: não precisamos de mil, 10 mil, um milhão. Precisamos de um. De uma. A cada vez. Calmamente. É o que nos torna um planeta habitado.

Temos sido sugados por ralos tecnológicos que nos despejam em valas comuns, onde viramos números, algoritmos, seguidores sem rostos. Que essa bagunça virtual não corrompa nossa casa e nossa mente, os dois espaços sagrados da existência. E que a alma da gente não seja pulverizada pelos gigabytes. É uma luta diária não se deixar desorientar. A gente chora porque é difícil. E, ao mesmo tempo, ri porque consegue.


15 DE JUNHO DE 2024
CARPINEJAR

O gigante acorda

Não tem como não ficar emocionado com a rapidez das obras de reconstrução do Beira-Rio. O arrepio se espalha, como lufadas do minuano, da grama verde até os braços dos torcedores mais empedernidos.

O prazo era para fim de setembro, depois encurtou para o encerramento de agosto, agora já temos a previsão de retomada em início de julho. Falta apenas uma quinzena pela frente para a torcida colorada reencontrar o seu estádio e matar a saudade das ruas de fogo.

O empenho épico do presidente Alessandro Barcellos para ter a sua casa devolvida deve servir de exemplo para o aeroporto, comandado por concessionária, e para a estatal Trensurb, na recuperação das estações de Canoas ao centro da Capital.

É o impossível realizado sem desculpas, sem compaixão, sem choradeira de recursos. É fazer primeiro, para depois correr atrás da conta.

Cerca de 600 funcionários trabalharam em quatro turnos para replantar o gramado, recuperar instalações de água e luz, reformar vestiários, salas de entrevista, museu e corredores. Foram várias etapas de desinfecção, limpeza, pintura, correção dos sistemas de catracas eletrônicas.

As marcas da calamidade não se apagaram, estão lá para provar que o ressurgimento precoce não é ficção, que a restituição do estádio em tempo tão estreito e recorde, um mês depois da enchente que atingiu 46 bairros de Porto Alegre, não é loucura.

É um título moral, anímico, uma reversão inacreditável de resultado e de placar. Inter vira a partida sobre o maior desastre ambiental da história gaúcha. Outros títulos virão com idêntica garra e tenacidade.

Ninguém esperava. Nunca houve um recomeço de tal magnitude, considerando a gravidade dos estragos. O volume das águas no campo atingiu 80 centímetros. Os bancos e casamatas boiaram. O Guaíba chegou ao segundo degrau das arquibancadas, ameaçando as minhas cadeiras.

Como os vestiários são subterrâneos, terminaram cobertos por 1m40cm da enchente, que levou tudo embora: fardamentos, computadores, bolas. No túnel de acesso, o nível ultrapassou a altura do maestro do meio-campo, Alan Patrick, que tem 1m77cm.

Os prejuízos ainda são incalculáveis, já que o moderno centro de treinamento literalmente desapareceu.

Mas o Gigante desperta, vulcão sempre rugindo, incansável, teimoso, valente, coração ferido e enlutado bombando, coerente com a sua trajetória de grandes voltas por cima, acostumado a não desistir da alegria e da esperança antes do apito final.

A reestreia do Beira-Rio, planejada para 3 de julho, diante do Juventude, pela terceira fase da Copa do Brasil, merece ser tratada com as honrarias de um novo estádio. É tão importante quanto a sua inauguração em 6 de abril de 1969, em partida com o Benfica do lendário Eusébio, ou sua reinauguração em 6 de abril de 2014, em confronto contra o uruguaio Peñarol.

O gol que ali acontecer será tão ovacionado quanto a cabeçada para o chão de Claudiomiro ou a falta no ângulo de D? Alessandro. Não dá para deixar de ir.

Aquele tapete, conhecido como o melhor gramado do país, sem nenhuma roseta, sem nenhum espinho, perfumado de glórias, voltará a ser terra das chuteiras, pátria dos nossos gritos.

Peço licença ao saudoso gremista Leonardo:

"É o meu Rio Grande do Sul

Céu, sol, sul, terra e cor

Onde tudo que se planta cresce

E o que mais floresce é o amor".

CARPINEJAR